EQUIPA DA ADF
Dentro do Yaba Mainland Hospital, na Nigéria, cerca de 100 pacientes de COVID-19, em estado grave, recebem tratamentos à base de oxigénio, visto que têm dificuldades de respirar.
Idoja Isaac, antigo oficial da Marinha Nigeriana, de 57 anos de idade, era um deles.
“Eu não acreditava que a COVID-19 [poderia] acontecer comigo,” Isaac disse à Agence France-Presse (AFP). “A COVID-19 é real; é um inimigo que não se pode combater com [uma] bala.”
Em vez disso, o presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, está a combater o vírus com recurso a finanças. Em resposta a uma crescente necessidade de oxigénio em meio a um aumento acentuado no número de casos, Buhari aprovou um projecto de cerca de 17 milhões de dólares para a construção de 38 instalações geradoras de oxigénio em cinco hospitais. O governo disponibilizou 671.000 dólares adicionais para a reparação de instalações de produção de oxigénio em cinco hospitais.
Boss Mustapha, presidente da Força-Tarefa Presidencial da COVID-19, explicou que pelo menos uma instalação geradora de oxigénio seria construída em cada Estado e que as já existentes “seriam colocadas em funcionamento,” de acordo com um relatório da The Vanguard.
A acção foi anunciada quando Lagos, a cidade com maior densidade populacional da Nigéria, registou grandes números de pacientes da COVID-19 em centros de isolamento que dependem de oxigénio para sobreviver. Num dos principais hospitais da cidade, a demanda por oxigénio quintuplicou em Janeiro, noticiou a Reuters.
“Um paciente em estado grave pode utilizar cerca de seis cilindros de oxigénio em 24 horas,” disse o Comissário de Saúde do Estado de Lagos, Akin Abayomi, ao africanews.com.
Uma empresária de 47 anos de idade, oriunda de Lagos, recordou-se dos horrores de uma semana que passou num corredor da COVID-19 num dos hospitais da cidade. Em todos os lugares à sua volta, pacientes enfrentavam dificuldades respiratórias, a miséria apenas era aliviada quando um paciente conseguisse um dos poucos cilindros de oxigénio do hospital e chorava de alívio.
“Havia carência,” a mulher, que pediu não ser identificada, disse à Reuters. “Falava-se sobre isso em todos os lugares. Parecia que este era o principal problema — oxigénio, oxigénio, oxigénio.”
Declan Eugene, um vendedor de oxigénio cuja empresa fornece os hospitais de Abuja, disse à Reuters que o oxigénio escasseou em Novembro. Eugene disse que recebeu chamadas de alguns clientes que já não lhe ligavam há sete anos.
“Foi realmente uma situação terrível,” disse Eugene, acrescentando que a crescente demanda fez com que os preços de cilindros de oxigénio subissem de 21 para 52 dólares.
Uma Iniciativa da Clinton Health Access demonstrou que havia uma necessidade de melhoria do acesso ao oxigénio na Nigéria muito antes da eclosão da pandemia. Nigéria possui pelo menos 30 fábricas de produção de oxigénio, mas o fornecimento é limitado devido à fraca manutenção e ao fornecimento irregular de energia. O Ministério de Saúde reconheceu a crise e, em 2017, deu início a um projecto com o objectivo de aumentar o acesso ao oxigénio hospitalar no país.
O Comissário de Saúde de Lagos, Akin Abayomi, disse à AFP que a cidade nunca tinha tido escassez de oxigénio.
“Já estivemos quase a não ter o suficiente e já estivemos com pouca quantidade, mas nunca estivemos numa situação em que os pacientes precisassem de oxigénio e não houvesse oxigénio.”
Alguns temem que isso possa vir a pior com o aumento das infecções e com a propagação de uma nova estirpe do vírus no país.
Por causa da gravidade da segunda vaga, a Nigéria também aumentou drasticamente a sua encomenda inicial de 10 milhões de doses da vacina proveniente da União Africana, noticiou a Reuters.
“Solicitamos 41 milhões de doses de uma combinação de vacinas de COVID-19 da Pfizer, AstraZeneca e Johnson & Johnson,” Faisal Shuaib, que chefia a Agência Nacional de Desenvolvimento de Cuidados de Saúde Primários, disse ao serviço de notícias.
Shuaib disse que se espera que as doses cheguem em finais de Abril, acrescentando que a Nigéria esteve a explorar múltiplas opções de pagamento, incluindo através do plano de sete anos do Banco Africano de Exportações e Importações.