EQUIPA DA ADF
Esforços de cooperação e profissionalismo militar foram os tópicos do encontro de 2021, dos chefes de defesa do continente, organizado pelo Comando dos Estados Unidos para África.
A conferência contou com a participação de 46 chefes de defesa ou seus mandatários, que se reuniram virtualmente por causa das restrições de viagens impostas pela COVID-19.
O General Townsend, comandante do AFRICOM desde 2019, lembrou aos chefes participantes que quer o lema seja derrotar os extremistas violentos, acabar com a pesca ilegal ou lutar contra a pandemia da COVID-19, os interesses dos EUA e de África estão interligados.
“Estamos nisto juntos,” disse Townsend. “As vossas oportunidades são as nossas oportunidades. Os vossos desafios são os nossos desafios. Os vossos sucessos são os nossos sucessos.”
Quanto ao assunto da cooperação e operações conjuntas, os participantes da conferência concordaram que a comunicação é a chave para o sucesso — principalmente em regiões como o Sahel, onde várias missões multinacionais se sobrepõem. O Sahel é teatro operacional das Forças Conjuntas G5 do Sahel, da missão de manutenção da paz das Nações Unidas no Mali, da Força-Tarefa Conjunta Multinacional, entre outros esforços que têm como alvo extremistas que utilizam aquela região como sua base.
Os chefes de defesa indicaram que, embora as forças regionais multinacionais sejam de vital importância para se lidar com os problemas do continente, essas forças continuam com problemas crónicos de falta de financiamento, impedindo assim a nossa eficácia. Muitos dos exércitos envolvidos também se concentram nas suas prioridades nacionais do que em objectivos mais generalizados, enfraquecendo a missão, sublinharam os chefes.
Os países insulares indicaram que muitas das forças multinacionais se concentram em operações terrestres. A África iria beneficiar-se de uma abordagem semelhante para fazer a patrulha das vastas zonas económicas marítimas do continente com vista a acabar com a pesca ilegal, o tráfico de drogas e actividades semelhantes, argumentaram.
O empresário sudanês, Dr. Mohammed “Mo” Ibrahim, um dos oradores principais, citou uma pesquisa da Africa Check que demonstra que os cidadãos confiam nos seus exércitos nacionais mais do que nos seus líderes civis. Ibrahim sugeriu que os líderes do exército poderiam ser um exemplo para a cooperação internacional e para o fortalecimento das principais instituições nacionais.
Nas décadas da independência, a maior parte dos países africanos não conseguiu desenvolver instituições fundamentais para um país estável, disse.
“As instituições são os guardiães da democracia,” referiu Ibrahim.
O profissionalismo, concordaram os participantes, é uma forma importante para fortalecer os exércitos nacionais e ajudá-los a criar respeito aos olhos das sociedades que protegem.
Isso começa com o abandono do alistamento e focalizar-se no recrutamento cuidadoso e na formação de membros do exército voluntários, desde os escalões mais baixos privados até aos mais altos escalões gerais. Nesse processo, os exércitos irão reflectir a sociedade que representam, melhorando a confiança e o apoio públicos. Investir numa educação militar e focalizar-se no avanço da tecnologia irá manter os exércitos preparados para futuras lutas, disseram os participantes.
A pandemia da COVID-19 tornou-se no mais recente desafio para os exércitos africanos e um exemplo de luta contra um inimigo que muitas pessoas não podiam ter previsto, concordaram os participantes.
Os países de toda a África trabalharam com o Comando dos Estados Unidos para África, a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional e outros grupos para fortalecerem as suas defesas contra a COVID-19, que até agora já infectou mais de 3 milhões de africanos.
Por último, o sucesso global na luta contra o vírus depende de uma distribuição justa e equitativa de vacinas que inclui a África, disse Ibrahim.
“Esta é uma pandemia global. Ela exige uma solução global,” disse. “Nós, como seres humanos, precisamos de dar a volta da vitória juntos.”
Ibrahim apelou aos chefes de defesa para procurarem por áreas onde possam cooperar.
“Precisamos de parar de criar guerras uns contra os outros, mas trazer a paz para o nosso povo,” disse. “Sem a paz e a segurança, não podemos avançar. Eis a questão nas vossas mãos.”