EQUIPA DA ADF
Enquanto os países africanos se preparam para uma segunda vaga da COVID-19, o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC) encorajou que fossem feitos testes imediatos a qualquer pessoa que apresente sintomas e apelou aos países para exercerem cautela ao relaxarem as medidas de restrição do confinamento obrigatório, como reabertura de fronteiras, escolas e empresas.
Quando as taxas de infecção aumentaram na África do Sul, no início de Dezembro, o Presidente Cyril Ramaphosa voltou a impor o recolher obrigatório e confinamentos obrigatórios em locais específicos, limitou a venda de bebidas alcoólicas e encerrou as praias e a maior parte dos parques públicos.
As medidas foram anunciadas depois de pesquisadores terem descoberto uma nova variante da COVID-19 que parece que afecta mais os jovens do que as variantes anteriores. O Ministro de Saúde da África do Sul, Zweli Mkhize, disse que a nova variante foi descoberta nos arredores da Baía Nelson Mandela e estava a “deixar gravemente doentes os jovens que anteriormente eram saudáveis.”
“A prova que mais circulou sugere que a actual segunda vaga que estamos a experimentar está a ser impulsionada por esta nova variante,” disse Mkhize numa reportagem do órgão de comunicação sul-africano, TimesLIVE. Salim Abdool Karim, co-presidente da comissão ministerial de combate ao vírus, disse que a segunda vaga apresentou sinais de que está a propagar-se mais rápido do que a primeira.
Mkhize criticou um grupo de cerca de 3.000 estudantes de 17 e 18 anos de idade, que se reuniram recentemente para uma festa de graduação com duração de uma semana, depois da qual muitos deles testaram positivo para a COVID-19. Mkhize implorou aos jovens “para compreenderem que agora isto não se trata apenas de pensar nos outros, mas vocês próprios estão igualmente em risco de morrer por causa da COVID-19,” de acordo com o The Telegraph.
As orientações do África CDC foram emitidas numa altura em que as taxas de infecção no Burkina Faso, República Democrática do Congo, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria e Togo atingiram ou ultrapassaram níveis jamais registados antes, informou a Reuters.
Especialistas dizem que a África Ocidental e Central experimentaram uma primeira vaga relativamente ligeira pelo facto de terem populações mais jovens e devido a respostas atempadas dos seus governos, incluindo obrigatoriedade de pôr máscaras, encerramento de fronteiras e proibições de grandes aglomerados. Mas quando as dificuldades da economia impulsionaram os governos a relaxarem as medidas de restrição, a adesão generalizada às medidas de distanciamento social, o uso de máscaras e a lavagem das mãos reduziram.
A Mauritânia, por exemplo, registou 20 novos casos de COVID-19 por dia, no início de Novembro, mas em meados de Dezembro, o número aumentou para aproximadamente 300. Depois dos primeiros casos de COVID-19 terem atingido a Mauritânia, o governo impôs horário de recolha nocturna e encerrou as escolas, mas o matemático Toka Diagana afirmou que estas medidas não são suficientes.
“Que vantagem tem um horário de recolher obrigatório se não formos capazes de mudar os nossos hábitos: tomar chá na mesma chávena, aglomerados desnecessários, comer em grupo?” questionou Diagana no Facebook.
Durante uma conferência de imprensa, no início de Dezembro, o Ministro de Saúde nigeriano, Osagie Ehanire, atribuiu a culpa do aumento das taxas de infecção à transmissão comunitária e aos viajantes que entram na Nigéria.
Sani Aliyu, coordenador da força-tarefa da luta contra a COVID-19 na Nigéria, disse que uma segunda vaga pode ser evitada se as pessoas continuarem a observar o distanciamento social e a evitarem aglomerar-se em grandes grupos durante o Natal.
“Este é claramente um período delicado para a resposta,” disse Aliyu na conferência de imprensa. “Podemos estar a caminhar em direcção a uma potencial crise epidémica, mas ainda existe tempo para reverter esta tendência.”
A COVID-19 alastrou-se para muitas partes do Estado de Kuduna, na Nigéria, e o Vice-Governador, Hadiza Balarabe, quer manter as coisas assim como estão.
“Precisamos de [nos acautelar] agora mais do que nunca,” Balarabe disse à estação nigeriana de notícias, Channels Television. “Se nós [não formos vigilantes], iremos registar um aumento no número de casos. Não está restrito a governos locais. Estará em todos os lugares.”
O Mali comprometeu-se em confrontar a segunda vaga através da exigência da obrigatoriedade do uso da máscara e aumento do rastreio nos aeroportos. O governo também anunciou o encerramento temporário de bares, restaurantes, feiras e escolas.