Experiência e Inovação Ajudam o Senegal a Conter a COVID-19

EQUIPA DA ADF

Embora com uma capacidade médica limitada e apenas sete médicos para cada 100.000 pessoas, o Senegal está a ser elogiado pela sua resposta bem-sucedida à COVID-19. Observadores dizem que o país está a utilizar a sua profunda experiência com surtos de doenças e inovações médicas avançadas para manter baixas as taxas de infecção.

“O Senegal, tal como todos os outros países da África Subsariana, está habituada a fazer a gestão de surtos e possui experiência e capacidade para responder,” Lucile Imboua, coordenadora nacional da Organização Mundial de Saúde (OMS), no Senegal, disse ao sítio da internet Devex. “A experiência ganha do surto do Ébola foi útil para desencadear intervenções de preparação e de resposta.”

Depois de a COVID-19 o atingir, o Senegal rapidamente encerrou as suas escolas, impôs um recolher obrigatório rigoroso, proibiu aglomerados públicos e interrompeu voos comerciais internacionais, entre outras medidas. O governo também colocou à disposição 115 milhões de dólares para fortalecer o sector de saúde, estimular a economia e ajudar as pessoas a comprarem comida, água e electricidade.

As autoridades de saúde do Senegal implementaram a testagem em massa, isolaram as pessoas infectadas e destacaram “um grande número de funcionários do sector de saúde da comunidade para levarem a cabo o rastreamento de contactos e apoiar uma parte da gestão de casos,” Dr. John Nkengasong, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, disse ao Devex.

Em Dakar, a capital do Senegal, o Instituto Pasteur foi um dos primeiros dois laboratórios africanos a poderem realizar testes da COVID-19, e os seus profissionais de saúde ajudaram a formar funcionários de dezenas de países africanos a administrarem os testes. O laboratório do instituto agora é aberto 24 horas por dia, e os testes encontram-se disponíveis em todo o país. Os testes são gratuitos para pessoas com sintomas da COVID-19, e os resultados ficam disponíveis dentro de oito horas.

Amadou Sall, virologista-chefe do Instituto Pasteur, fez uma parceria com a Mologic, uma empresa do Reino Unido, para desenvolver dois kits de testes caseiros para diagnosticar a COVID-19. Um deles é um teste com recurso a zaragatoa nasofaríngea, que pode determinar se alguém tem o vírus. O outro pode determinar se alguém desenvolveu anticorpos da COVID-19 de uma infecção anterior. O teste para determinar se alguém tem um caso activo do vírus pode ser disponibilizado até finais deste ano, comunicou a BBC.

O teste de anticorpos funcionará como um teste de gravidez, custará cerca de 1 dólar e produzirá resultados em 10 minutos. Sall disse à BBC, no início de Outubro, que o teste de anticorpos será disponibilizado “nas próximas semanas.”

Para ajudar a combater a COVID-19, estudantes de engenharia da Ecole Superieure Polytechnique (Instituto Superior Politécnico), em Dakar, inventaram desinfectante automático para as mãos e um robot capaz de medir a pressão arterial e a temperatura do paciente.

Guiado por uma câmara montada e controlado através de um aplicativo, o pequeno robot, chamado “Dr. Carro,” reduz o contacto dos funcionários de saúde com os pacientes infectados e o uso de equipamento de protecção individual, explicou o estudante Lamine Mouhamed Kebe à Agence France-Presse.

“Num dado momento nos apercebemos que o equipamento médico era limitado,” disse Kebe, acrescentando que trabalhar com as invenções fez com que os estudantes tivessem um sentimento de patriotismo.

Embora o Senegal tenha evitado os piores cenários, os especialistas apelam à vigilância.

“Devemos ser muito cautelosos para não superestimarmos nenhum dos sucessos,” aconselhou Nkengasong ao Devex. “Este é um vírus muito delicado. Propaga-se rapidamente. E nós já vimos e estamos actualmente a ver tendências, na Europa, onde, até poucas semanas atrás, os números estavam a decrescer. Agora estamos a começar a ver aumentos significativos.”

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