EQUIPA DA ADF
Os tanzanianos Abdirahman Shaffi Mkwatili e Sadam Jafari Kitia estavam perdidos no norte do Quénia, centenas de quilómetros fora da rota, quando os agentes de segurança os prenderam a 12 de Julho.
Tinham quase chegado à fronteira do país, mas era a fronteira errada. Estavam na cidade de Moyale, que faz fronteira com a Etiópia.
O seu objectivo era atravessar a Somália e continuar a caminhada até Jilib, uma cidade conhecida como o quartel-general do al-Shabaab. Seriam as mais recentes adições, parte dos esforços do grupo terrorista para recrutar para além da Somália e do Quénia.
“Perderam o rumo para a Somália,” declarou a polícia num comunicado de 14 de Julho. “Eles usavam um caderno rabiscado em Swahili para orientar a sua deslocação da Tanzânia para Jilib.”
Trata-se da terceira detenção de recrutas estrangeiros num mês.
Duas semanas antes, as autoridades detiveram três tanzanianos de forma semelhante quando se dirigiam para se juntarem ao al-Shabaab.
“A população denunciou a sua presença na zona de Karakora, no condado de Garissa, onde ficaram retidos depois de se perderem,” disse a polícia.
Ambos os grupos de recrutas tinham encarregados na Tanzânia que lhes forneciam os preparativos para a viagem e lhes diziam para evitarem utilizar as telecomunicações ou perguntar a outras pessoas sobre o itinerário para não levantarem suspeitas.
As autoridades prenderam um recruta ugandês em Liboi, no Quénia, a apenas 12 quilómetros da fronteira com a Somália. Nos três casos, as agências de segurança deram crédito à comunidade pela partilha de informações importantíssimas.
As autoridades de segurança do Quénia afirmam ter assistido a uma diminuição do número de quenianos que se juntam ao al-Shabaab, o que obrigou o grupo a recrutar nos países vizinhos.
“Pensamos que estão agora a visar tanzanianos, ugandeses e outros,” disse um alto funcionário de segurança ao jornal queniano The Star. “Os quenianos estão a evitar juntar-se a eles e os que regressam dizem que a situação é grave.”
Há muito que o Quénia é um terreno fértil para o recrutamento do al-Shabaab, mas recentemente muitos dos que foram atraídos para a Somália aperceberam-se de que estavam a ser enganados com promessas de glória, dinheiro e apoio familiar.
Num vídeo de propaganda divulgado no final de Junho, o porta-voz do al-Shabaab, Ali Dhere, convidou as pessoas que sofreram ofensas e injustiças a juntarem-se às suas fileiras.
O vídeo mostra uma grande concentração de insurgentes recém-formados — alegadamente oriundos de Etiópia, Quénia, Uganda e Tanzânia — numa cerimónia de graduação na Somália.
Segundo os especialistas, a expansão do território de recrutamento do al-Shabaab é simultaneamente um sinal da sua frustração no Quénia e um risco significativo para as nações da África Oriental, que poderão ser arrastadas para uma luta mais profunda.
“A guerra em curso contra o terrorismo por parte das agências de segurança continua a frustrar o recrutamento e a facilitação de recrutas com destino a Somália para se juntarem ao al-Shabaab,” refere o relatório da polícia queniana.