EQUIPA DA ADF
Até Novembro de 2021, o Benin tinha sido poupado do tipo de violência extremista que assolou o seu vizinho a norte, o Burquina Faso.
Desde essa altura, Arnaud Houenou testemunhou uma mudança nas atitudes dos seus companheiros beninenses.
O especialista em matéria de segurança nacional, que trabalha como professor na Universidade de Abomey Calavi, do Benin, disse que o medo agora é prevalecente.
“Pensamos por um momento, talvez por causa de uma certa ingenuidade … que [nós] poderíamos escapar da situação de ameaças dos ataques quase que diários,” disse à The Associated Press.
“Mas a realidade chegou.”
Inicialmente, dois grupos terroristas islamitas — o Estado Islâmico do Grande Sahel e o Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin, ligado à al-Qaeda — operaram no Sahel, por mais de sete anos, matando milhares de pessoas e deixando milhões de deslocados.
Agora eles estão a procurar propagar a violência em direcção ao sul, para os países costeiros ao longo do Golfo da Guiné.
Benin foi o mais assolado, especialmente na segunda metade de 2022.
O país registou um aumento de mais de 10 vezes o número de ataques — de 2 para 25 — entre Julho e Dezembro de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021, de acordo com o Projecto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Evento (ACLED).
Apesar de um crescimento militar, o campo de batalha está a expandir-se.
Os ataques estavam anteriormente limitados à fronteira do norte do Benin com o Burquina Faso, assim como em vastas faixas dos parques nacionais onde os terroristas se podem esconder, organizar e planificar ataques.
Desde Junho de 2022, contudo, os militantes cada vez mais atacam as zonas habitadas ao redor dos parques.
“A presença dos jihadistas nas reservas protegidas é uma das ameaças mais graves que os civis actualmente enfrentam,” comunicou o ACLED em Dezembro. “Estes grupos têm como alvo as comunidades locais, especialmente as comunidades de pastores, nos seus esforços de consolidar ainda mais o seu poder e controlo sobre estas zonas pouco habitadas.”
Num discurso sobre o Estado da nação, do dia 8 de Dezembro, o Presidente do Benin, Patrice Talon, disse que a resposta militar de 2022 incluiu mais de 130 milhões de dólares para recrutar aproximadamente 4.000 homens do sector de segurança, modernizar o equipamento e começar a fortalecer as bases, enquanto se criavam 10 bases operacionais e “várias dezenas” de posições fortificadas.
“O nosso país deve também assumir o desafio de segurança,” disse, comprometendo-se em intensificar os esforços militares nos próximos anos.
Embora o exército tenha enviado grandes números de tropas para o norte, para trabalhar com os fiscais dos parques a fim de conter a onda de violência extremista, Houenou disse que o governo deve fazer mais.
“Não poderíamos ter imaginado que esta situação se pudesse degenerar e expandir-se a ponto de transbordar-se para afectar as fronteiras costeiras,” disse à Voz da América. “Infelizmente, isso é o que está a acontecer.”