EQUIPA DA ADF
Em conjunto, os países costeiros africanos são responsáveis por mais de 13 milhões de quilómetros quadrados de território marítimo, um empreendimento que está acima da capacidade da maior parte dos países. E chegam os veículos não tripulados.
Os países estão a abraçar o uso de veículos aéreos não tripulados (VANT) e veículos de superfície não tripulados (VSNT) para fortalecer a sua capacidade de fazer patrulha e controlar as suas águas costeiras. Os drones permitem a vigilância e a documentação de pirataria, pesca ilegal e outras actividades com o mínimo de recursos humanos.
“Uma vantagem é a melhoria de consciência situacional desta tecnologia, expandindo o âmbito de visão do campo contra alvos no campo,” piloto de drone nigeriano, Ebunoluwa George Ojo-ami, um membro da Academia Marítima Nigeriana e voluntário do Instituto Marítimo do Golfo da Guiné, disse à ADF por e-mail. “Em comparação com aeronaves tripuladas, os drones oferecem custos relativamente baixos e podem ser designados para serem completamente autónomos ou semiautónomos.”
À medida que avaliam as opções para adopção de tecnologia de drones, os países podem olhar para a Ucrânia como modelo de um programa marítimo baseado em drones bem-sucedido. Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em Fevereiro, o exército ucraniano tem utilizado VANT e VSNT como uma força multiplicadora para combater a Rússia no Mar Negro.
Os barcos-drone da Ucrânia, controlados num raio de 3 km de distância, passam rapidamente pela superfície das águas, ao longo da costa da Crimeia e causam distúrbios na frota de navios russos, no Mar Negro, ancorados no porto ucraniano ocupado de Sevastopol.
Em Outubro, os drones destruíram uma embarcação russa. Um ataque combinado por ar e mar, via drones, também destruiu o navio de bandeira, Almirante Makarov, de forma tão severa que teve de ser removido para reparações.
A tecnologia de drones varia desde quadricópteros pequenos, não dispendiosos, comercialmente disponíveis, a veículos aéreos de grau militar, avaliados em milhões de dólares.
Embora os drones tenham primariamente sido utilizados sobre a terra, eles estão a tornar-se cada vez mais atractivos para forças marítimas sobrecarregadas com a tarefa de fazer a monitoria do vasto oceano que não deixa vestígios. A Nigéria adquiriu 4 VANT, em 2021, como parte do seu projecto de segurança marítima, Deep Blue. O Golfo da Guiné, uma das áreas de navegação mais agitadas do mundo, registou 130 dos 135 actos de pirataria do mundo, em 2020.
Bashir Yusuf Jamoh, director-geral da Agência Nigeriana de Administração e Segurança Marítima anunciou os novos drones no Twitter.
“Os nossos 4 Veículos Aéreos Não Tripulados irão garantir que tenhamos um sistema de vigilância sustentável, vinte e quatro horas, a partir do céu, fornecendo informação em tempo real, para tomada de medidas atempada e manter as nossas águas seguras para a navegação e para os marinheiros,” disse.
As Seychelles complementaram os seus barcos de patrulha com drones que utilizam inteligência artificial para fazer a monitoria de embarcações de pesca que operam na sua zona económica exclusiva (ZEE) de 1,3 milhões de quilómetros quadrados.
“Podemos ver o quanto a tecnologia de drones funciona muito bem com o pessoal no terreno, também se integrando e comunicando com os sistemas de segurança da Nigéria,” disse Ojo-ami, da Nigéria. “Os drones são facilmente adaptados aos softwares de segurança já existentes, pelo que acrescentar um drone de segurança a uma operação já existente é um processo relativamente fácil.”
Reforçando a sua própria capacidade para a segurança costeira, os países africanos podem depender menos de parceiros internacionais, de acordo com Alberta Ama Sagoe, directora-executiva do Instituto Marítimo do Golfo da Guiné, escreveu para a Chatham House.
“A melhoria da coordenação continental, da consistência e liderança pode ajudar as riquezas marítimas de África a tornarem-se um recurso que pode trazer benefícios sustentáveis em todo o continente,” escreveu Sagoe.
Equipar as agências de segurança marítima de África com drones pode ser um desafio, disse Ojo-ami.
Os drones exigem nova legislação de governos e orçamentos para pagar pelo equipamento e pessoal formado. Os drones também estão em risco de terem avaria electrónicas, serem alvo de ataque cibernético e outras contramedidas. Drones pequenos e não dispendiosos são fáceis de adquirir, mas possuem um alcance limitado e um tempo de carga curto. Os drones mais fortes são mais dispendiosos e difíceis de adquirir.
Apesar dos obstáculos, os países africanos seriam sábios se concedessem aos veículos não tripulados um papel proeminente na sua segurança marítima, disse Ojo-ami.
“A inovação é de crítica importância para o crescimento,” defendeu. “Ela exige que haja uma aposta corajosa e uma predisposição para preservar apesar das desvantagens, críticas e incertezas.”