EQUIPA DA ADF
Mesmo numa altura em que os países de todo o mundo retomam os padrões pré-pandémicos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que está a rastrear cerca de 200 ramificações da variante Ómicron da COVID-19 e alerta sobre o potencial para uma nova versão mortal do vírus.
“O vírus ainda está a propagar-se e ainda está a registar alterações com o risco sempre presente do surgimento de novas variantes,” Director-Geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse numa recente conferência de imprensa.
As autoridades sanitárias receiam que as novas variantes possam evoluir para se tornarem mais transmissíveis e mais capazes de contornar a imunidade, fazendo com que sejam potencialmente mais prejudiciais do que as suas predecessoras.
A OMS está a prestar atenção especial para as ramificações BA.2.75.2 e BA.4.6 da Ómicron e para a subvariante BA.5 da Ómicron BF.7, que está a registar um rápido aumento em vários países europeus.
A BA.5 propagou-se a nível mundial no início deste ano, representando mais de 50% de novas infecções a nível mundial em Julho.
Em todo o mundo, a COVID-19 ainda está a causar 10.000 mortes por semana, disse Tedros.
“Dez milhões de mortes por semana são 10.000 a mais quando a maior parte destas mortes podia ser prevenida,” acrescentou.
Os especialistas em matéria de saúde pública afirmam que agora se encontram entre um número crescente de variante e um número cada vez menor de testes a serem registados. Isso faz com que seja cada vez mais difícil rastrear a propagação de variantes e detectar as novas à medida que elas surgem, de acordo com Maria van Kerkhove, técnica-chefe da OMS para a COVID-19.
“Este vírus continua a circular a níveis incrivelmente intensos em todo o mundo,” disse van Kerkhove durante uma recente conferência de imprensa. “Quanto mais este vírus circula, mais oportunidades ele tem para se alterar.”
O declínio no número de testes coincidiu com um aumento nos autotestes, que nem sempre resultam em comunicação de dados aos departamentos governamentais.
“O aumento de autotestes é algo positivo, mas faz com que seja difícil rastrear o progresso do vírus,” disse van Kerkhove.
Em África, a taxa de mortalidade de casos por COVID-19 é de 2,1%, quase o dobro da média global de 1,1%, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC). Em todo o continente, 41 países registaram uma taxa de mortalidade de casos superior em relação à média global.
“Embora tenhamos números inferiores, temos, em termos proporcionais, mais mortes no continente,” Dr. Ahmed Ogwell, director interino do Africa CDC, disse durante uma recente conferência de imprensa.
Embora a contagem global de casos a nível do continente continue baixa, a taxa de aumento de novos casos varia amplamente de semana para semana. O Africa CDC recentemente registou um aumento de 42% no número de novos casos em meados de Setembro, em comparação com o início de Setembro. Este aumento apareceu depois do registo de um declínio de 14%, entre finais de Agosto e início de Setembro.
“É aí onde reside a preocupação de que a pandemia e a taxa de infecções e de transmissão no continente não são uma constante,” disse Ogwell. As testagens de igual maneira aumentaram e baixaram drasticamente de semana para semana. Em termos gerais, as testagens reduziram em 1%, de meados de Agosto para meados de Setembro, comunicou Ogwell.
Os testes da COVID-19, realizados em África, demonstram uma taxa de positividade de casos de 5% a 12%, dependendo do país.
Alguns países, como Namíbia, não registaram qualquer novo caso de COVID-19 no mês passado, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.
Van Kerkhove apelou a população para continuar a tomar precauções de modo a prevenir a propagação do vírus. O mundo tem as ferramentas de que precisa para controlá-lo, disse.
“Este vírus veio para ficar, e nós temos de gerir isso de forma responsável,” apelou. “Ainda existe muito trabalho por fazer para que possamos acabar com esta pandemia em toda a parte.”