EQUIPA DA ADF
O risco de pacientes da COVID-19 sofrerem de desordens mentais, como psicose, convulsões, nevoeiro cerebral e demência continuou elevado em algumas pessoas dois anos depois de contracção do vírus, de acordo com um novo estudo.
O estudo, publicado no The Lancet, uma revista médica especializada, envolveu pacientes que sofreram de uma mistura de variantes e subvariantes da COVID-19. Embora a estirpe Ómicron geralmente cause sintomas mais ligeiros, alguns pacientes demonstraram um risco intensificado de problemas de saúde mental contínuos cinco meses depois da infecção.
Os dados foram obtidos de cerca de 1,25 milhões de doentes da COVID-19 entre Janeiro de 2020 e Abril de 2022. O estudo envolveu crianças menores de 18 anos e adultos com mais de 65 anos de idade.
“O nosso estudo é observacional e, por isso, não pode explicar como ou por que a COVID está associada a estes riscos,” Paul Harrison, um professor psiquiatra da Universidade de Oxford, escreveu no The Conversation. “As teorias actuais incluem a persistência do vírus no sistema nervoso, a reacção imunológica para a infecção ou problemas com as veias sanguíneas.”
O estudo também revelou que os doentes da COVID-19 eram mais susceptíveis a receber o seu primeiro diagnóstico neurológico ou psiquiátrico depois de sua primeira infecção. A depressão e outras doenças mentais também estão associadas a um maior risco de COVID-19 mais severa, incluindo o risco de internamento, que é um factor de risco para a COVID longa, demonstrou o estudo.
Durante o primeiro ano da pandemia, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, comunicou a Organização Mundial de Saúde (OMS), em Março.
De acordo com a OMS, os jovens ficaram desproporcionalmente em risco de suicídio ou de comportamentos prejudiciais contra si próprios durante a pandemia. As mulheres foram, em termos gerais, as mais gravemente afectadas do que os homens, enquanto as pessoas com condições de saúde pré-existentes, como asma, cancro, doenças cardíacas, estiveram mais propensas a desenvolver sintomas de desordem mental.
Em África, vários estudos demonstraram um aumento da prevalência da ansiedade, depressão e insónia durante a pandemia.
As autoridades sanitárias da África do Sul estão a trabalhar para ajudar as pessoas a terem a informação sobre saúde mental, apoio comunitário e ajuda de especialistas, através de um aplicativo local chamado Panda. Os utilizadores podem aderir de forma anónima diariamente, com sessões ao vivo e de apenas áudio sobre vários tópicos, e terem acesso a uma biblioteca de conteúdos relacionados com a saúde mental.
Os utilizadores também podem solicitar consultas virtuais individuais com psicólogos e psiquiatras. A plataforma é gratuita, mas a empresa começará a cobrar uma taxa em 2023.
“Para melhor compreender as jornadas de saúde mental individuais, podem ser feitas avaliações de rastreamento no aplicativo, depois das quais um retorno personalizado e sugestões para a prestação de cuidados são gerados para cada utilizador,” Alon Lits, co-proprietário e director-executivo do Panda, disse à ITWeb.
Ligações com a COVID Longa
Um outro estudo feito pela Escola de Saúde Pública de Harvard T.H. Chan demonstrou que as pessoas que experimentam depressão, ansiedade, preocupação, stress percebido ou solidão antes de um diagnóstico da COVID-19 tiveram um risco acrescido de ter a COVID longa. O estudo foi publicado na internet pela revista médica especializada, JAMA Psychiatry.
“Ficámos surpreendidos pela forma forte como os distúrbios psicológicos antes de uma infecção pela COVID-19 estavam associados a um aumento do risco da COVID-19 longa,” Siwen Wang, um investigador de Harvard que dirigiu o estudo, disse na página da internet da universidade. Os distúrbios estavam mais fortemente associados ao desenvolvimento da COVID longa do que com factores de risco para a saúde física, como a obesidade, asma e hipertensão.”