EQUIPA DA ADF
A pandemia da COVID-19 levou a grandes mudanças no sistema de prestação de cuidados de saúde da Nigéria, criando um legado que irá melhorar a prestação de cuidados de saúde daquele país, em termos gerais, e ajudá-lo a preparar-se para futuras pandemias. Mesmo assim, ainda há espaço para melhorias.
Esta foi a avaliação que os médicos e investigadores nigerianos que se reuniram virtualmente para discutir como o país respondeu à pandemia.
A pandemia permitiu que a Nigéria duplicasse o seu número de camas para a prestação de cuidados intensivos de 250 para 500 e distribuísse 200 ventiladores e 4.000 geradores de oxigénio em todo o país. O país também formou 20.000 profissionais de saúde em matérias de controlo de infecções.
“Este benefício continua a ser sentido mesmo depois da COVID-19,” Dr. Sani Aliyu, antigo coordenador nacional da Força-Tarefa Presidencial da COVID-19, disse na conferência.
Apesar daquelas melhorias, a Nigéria ainda enfrenta dificuldades de fazer o rastreio de estatísticas vitais como nascimentos e mortes que são partes importantes da saúde pública, disse Aliyu.
Oficialmente, a Nigéria registou 264.000 casos de COVID-19 e pouco mais de 3.100 mortes, mas muitos acreditam que os verdadeiros totais são muito mais elevados.
“Estes números são uma grave subavaliação daquilo que tem estado a acontecer na Nigéria,” disse Aliyu.
Assim como em muitos outros países, as testagens da COVID-19 baixaram drasticamente, fazendo com que seja difícil rastrear a doença e quaisquer variantes que ela possa gerar. De acordo com o Centro de Controlo de Doenças da Nigéria, o país de 200 milhões de habitantes realizou 5,4 milhões de testes de COVID-19 desde que a pandemia começou. Aliyu atribui esta baixa no número de testes à apatia.
“As testagens que fazemos no país são muito inadequadas,” disse Aliyu. “Em termos gerais, a partir da perspectiva do público, as pessoas sentem que a COVID deixou de ser um problema.”
No entanto, a COVID-19 continua a ser uma grave ameaça para pessoas maiores de 50 anos, particularmente se tiverem outros problemas de saúde como diabete, HIV ou tuberculose, disse Aliyu.
Dr. Mukhtar Muhammad, gestor nacional de incidentes, do Comité Directivo Presidencial para a COVID-19, disse que o governo continua a criar a sua capacidade para prever e responder a futuro surtos de doença.
Uma parte desse plano foi acrescentar 1.000 novos epidemiologistas de campo às fileiras de especialistas em matéria de doenças daquele país. Todos eles têm como seu alvo doenças com elevados riscos de transmissibilidade e fatalidade.
“Muitos epidemiologistas foram treinados em todos os Estados da federação,” disse Muhammad. “Estão a ser dedicados fundos para todos os hospitais académicos para efeitos de prestação de cuidados e isolamento de pacientes.”
O governo também começou a criar um sistema mais robusto de recolha de dados sobre surtos de doença, anunciou Muhammad.
“Para nós, como país, a parte importante está no uso dos dados,” disse.
A colaboração com o sector privado demonstrou ser crucial para a resposta da Nigéria à COVID-19. As empresas privadas mobilizaram mais de 93 milhões de dólares para melhorar as unidades sanitárias e para combater a desinformação, acrescentou Aliyu.
Apesar das melhorias inspiradas pela COVID-19, o sistema de prestação de cuidados de saúde da Nigéria ainda precisa de trabalho, concordaram os especialistas.
Dr. John Ndibe, antigo director de serviços médicos do Estado de Anambra, disse que ainda existem assimetrias entre onde os recursos são necessários e onde eles estão disponíveis. Os sistemas de saúde do Estado também continuam muito dependentes do governo federal em termos de orientação, disse.
Aliyu reconheceu que ainda há trabalho por ser feito para melhorar o sistema de saúde da Nigéria.
“Não há dúvidas de que o país tem problemas,” disse. “Contudo, o sistema beneficiou-se da forma estruturada e coordenada com a qual fizemos a gestão da resposta à COVID.”