Não existem soluções fáceis para crise de segurança que dura há décadas no Sahel.
Grupos extremistas, que primeiro plantaram as suas bandeiras no Mali durante a agitação política de 2012, espalharam-se para desestabilizar partes do Burkina Faso e do Níger. Os ataques terroristas e os conflitos armados mataram mais de 6.200 pessoas nestes três países em 2020, fazendo com que seja o ano mais violento de que se tem registo na região.
Os líderes dos grupos extremistas sediados no Sahel, com destaque para o Estado Islâmico do Grande Sahara e o Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin, agora pretendem avançar para o sul, em direcção à costa, e infiltrar-se em países como Benin, Costa do Marfim, Gana e Togo. As forças de segurança da região devem unir-se para impedi-los.
Os factores que levaram a esta insegurança são vários e interligados. Os países sahelianos possuem uma das populações mais jovens do mundo, e uma falta de oportunidades de emprego deixa as pessoas vulneráveis para recrutamento pelos extremistas. Bens como água e pastagens são limitados no Sahel. Disputas em relação a estes recursos naturais e escassos, muitas vezes, acabam por ser sangrentas, permitindo que os terroristas capitalizem o caos. A região também já registrou golpes de Estado, tumultos e violência eleitoral nestes últimos anos. Esta instabilidade política, combinada com a falta de presença do Estado nas zonas recônditas, deixa um vazio de segurança que os grupos extremistas podem preencher.
Os exércitos nacionais e as missões de segurança internacionais procuraram restaurar a estabilidade na região. A Força Conjunta G5 do Sahel e a Operação Barkhane, da França, registaram importantes ganhos, particularmente na região de fronteira tríplice conhecida como Liptako-Gourma, onde os terroristas foram expulsos ou neutralizados. MINUSMA, a Missão das Nações Unidas no Mali, trabalhou para proteger civis e estabelecer fundamentos para a paz, num ambiente particularmente desafiador. Várias missões bilaterais e multilaterais na região desmantelaram infra-estruturas terroristas.
Mas restaurar a paz numa região de 4 milhões de quilómetros quadrados é uma grande ordem que exige mais do que apenas força militar. Os líderes regionais apelaram para uma “abordagem holística” que inclui desenvolvimento económico, desradicalização, resolução alternativa de conflitos e reformas políticas. Agora, depende dos políticos, dos exércitos e líderes da sociedade civil da região unirem-se em prol desta causa. Depois de resistir à tanta violência, a população do Sahel merece uma oportunidade de experimentar a paz.
O extremismo não tem historicamente raízes profundas no Sahel. O seu povo orgulhoso e pacífico está pronto para abraçar o futuro sem ele.