EQUIPA DA ADF
Enfrentando a ameaça de grupos extremistas que se infiltram pelas fronteiras do norte, o Gana lançou recentemente a sua campanha “See Something, Say Something”. Numa tradução livre, o slogan significa “Viu Algo, Denuncie,” apelando os cidadãos a denunciarem actividade suspeita que possa estar ligada ao extremismo.
“Lançar esta campanha é garantir que tenhamos o envolvimento inclusivo da sociedade,” porta-voz do governo, Palgrave Boakye Danquah, disse à televisão Joy News. “O mais elevado nível de segurança, especialmente da segurança dos dias modernos, é envolver os cidadãos.”
Os líderes do Gana estão a intensificar a segurança numa altura em que extremistas do Sahel expandem as suas operações para os países costeiros. Os vizinhos do Gana, Benin, Costa do Marfim e Togo, já experimentaram ataques extremistas vindas de países sahelianos.
“A propagação deixa a situação das regiões fronteiriças do Gana extremamente preocupante,” o Centro da África Ocidental para o Combate ao Extremismo (WACCE) disse num relatório que examina o risco de extremismo no Gana.
O Gana enfrenta os seus próprios conflitos étnicos internos em várias regiões fronteiriças que podem servir de impulso para a actividade extremista, observou o relatório do centro. Para além disso, as mesmas regiões enfrentam carência de serviços governamentais, elevadas taxas de desemprego entre os jovens e outros factores que podem levar à actividade extremista.
Por outro lado, existem 189 pontos de travessia fronteiriça não monitorados apenas com o Burquina Faso, e o Gana enfrenta uma séria ameaça de incursão de extremistas, de acordo com especialistas.
Estas incursões podem já estar a acontecer, de acordo com Emmanuel Bombande, director da Rede Oeste Africana para Edificação da Paz. Bombande disse à imprensa local, em Maio, que o Gana passou a ser uma terra fértil para o surgimento de grupos terroristas.
Números de telefone ganeses apareceram em telemóveis de terroristas apreendidos pelas forças francesas que realizavam operações de combate ao terrorismo em países sahelianos.
Em Junho de 2021, o ganês Abu Dujana detonou uma bomba suicida em nome do Jama’a Nusrat-ul Islam wa Muslimin, próximo de um acampamento francês, em Gossi, Mali. Antes do ataque, Dujana gravou um vídeo de si próprio apelando para uma insurgência contra o governo do Gana.
Face a este cenário, o Gana lançou a campanha “Viu algo, Denuncie” como uma forma de educar o público sobre a necessidade de ser vigilante contra potencial actividade extremista.
O Ministério de Segurança Nacional criou uma linha de atendimento (999), para os cidadãos denunciarem suspeitos extremistas, juntamente com material educativo, para ajudar as pessoas a identificarem potenciais problemas na sua comunidade. Os sinais de potenciais actividades extremistas incluem possuir passaportes e outros documentos que pertencem a outras pessoas e alugar, de forma suspeita, um grande número de viaturas para viagem.
A eficácia, em termos gerais, da resposta do Gana à sua ameaça extremista “será determinada pela predisposição do Estado em reconhecer que a luta contra o terrorismo e os seus motivadores não pode ser ganha apenas no campo de batalha,” de acordo com um relatório do WACCE.
A mensagem do ministério é uma prioridade na comunidade de Techiman, na região central do Gana, onde o mercado central é um cruzamento para pessoas provenientes de toda a África Ocidental.
“A própria localização de Techiman — a sua centralidade — deixa-nos mais propensos,” Martin Adjei-Mensah Korsah, um deputado que representa o distrito de Techiman do Sul, disse à televisão Joy News.
A campanha pede que as pessoas estejam alertas e atentas a mudanças na sua comunidade que podem indicar uma ameaça, disse Korsah.
“Todos devemos ser vigilantes nos nossos bairros — estar atentos para personagens cuja identidade, movimento e presença suscitam dúvidas,” disse.