Plano da União Africana Procura Formar Milhares de Novos Profissionais de Saúde
EQUIPA DA ADF
A agente de saúde comunitária, Mariam Traoré, passa os seus dias indo de porta em porta, em Yirimadio, nos arredores de Bamako, Mali, tratando dos seus vizinhos em tudo, desde malária até a diarreia e mesmo fornecendo imunizações. Nos dias em que ela não pode visitar, alguns pacientes vêm até ela.
Traoré pertence a uma rede de agentes de saúde comunitária (CHCW) que servem na linha da frente no sistema de saúde de África. Assim como seus colegas agentes de saúde comunitária, Traoré fica sobrecarregada e precisa de apoio.
A Organização Mundial de Saúde estima que África precisa de 2 milhões de agentes de saúde comunitária para satisfazer a demanda da sua população que cresce rapidamente. Uma carência de agentes de saúde comunitária é apenas uma parte das dificuldades médicas de África. Em média, o continente possui cerca de 1 médico por cada 3.000 pacientes, cerca de um terço do rácio que a Organização Mundial de Saúde recomenda. Também têm cerca de um terço dos 6.000 epidemiologistas que a população precisa, de acordo com especialistas.
“Se realmente queremos estar preparados para a próxima pandemia, precisamos de expandir este número,” Dr. John Nkengasong, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC), disse durante uma recente conferência de imprensa.
Para colmatar a carência de profissionais de saúde em África, a União Africana recentemente lançou a Equipa Operacional do Pessoal da Saúde com o objectivo de expandir rapidamente as fileiras de pessoal médico. O esforço sem precedentes procura atrair bilhões de dólares em financiamento para formar milhares de novos profissionais de saúde e ajudar a África a fechar a lacuna.
A equipa tem muito trabalho pela frente. A África Subsaariana possui cerca de 145.000 médicos para uma população de 821 milhões de habitantes, um rácio de 18 médicos por 100.000 residentes, de acordo com um estudo feito por investigadores da universidade George Washington. A nível de países de forma individual, o rácio pode variar, de Nigéria, com menos de 4 médicos por 100.000 residentes, para África do Sul, com 80 por 100.000, de acordo com as Nações Unidas.
“Um sistema de saúde não é um sistema de saúde sem profissionais de saúde. Mas África continuou sem alterações nos números, na formação, na capacitação, na disponibilidade de profissionais de saúde pelo continente,” disse o Dr. Githinji Gitahi, PCA da Amref Health Africa, num vídeo no início de Abril. “Isso deve ser abordado se quisermos estar prontos para uma cobertura universal e também prontos para a próxima pandemia.”
Expandir o pessoal de saúde de África é uma parte fundamental para a sua recuperação económica, social e política, da pandemia, disse Gitahi.
Em toda a África, a falta de profissionais de saúde da linha da frente da pandemia obrigou os sistemas de saúde já frágeis a chegarem ao ponto de ruptura. Com pouco equipamento de protecção individual no início, os profissionais de saúde estavam entre as primeiras vítimas da pandemia.
Muito antes de a pandemia da COVID-19 ter aparecido, contudo, África estava a perder médicos. O continente sofreu uma fuga de quadros do sector de saúde por muitos anos quando milhares de médicos africanos formados abandonavam os seus países à procura de salários elevados e melhores instalações fora do país. Os médicos que permaneceram enfrentam um cada vez mais elevado fardo de pacientes.
A OMS estima que África precisa de mais de 1 milhão de médicos para satisfazer os padrões internacionais. Na África Subsaariana, por exemplo, 169 escolas de medicina graduam cerca de 10.000 médicos por ano, um número pequeno dada a população, de acordo com um estudo feito pela Universidade George Washington.
Enquanto África se recupera da COVID-19, os líderes podem utilizar o poder do Africa CDC e da União Africana para criar sistemas de prestação de cuidados de saúde mais fortes e mais resilientes, escreveu Gitahi, numa carta conjunta com Nkengasong e outros especialistas em matéria de saúde pública. Fazer isso irá melhorar as vidas e os meios de subsistência, escreveram.
“Para além das tremendas desvantagens da COVID, existem dados bem documentados que ligam de forma consistente a saúde ao desenvolvimento, educação, crescimento económico e bem-estar,” escreveram os autores. “Enquanto olhamos para o horizonte passado de COVID, devemos não apenas voltar a construir de forma melhor. Devemos construir melhor de forma transformadora.”
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