Especialistas Apelam aos Países para Evitarem os Confinamentos Obrigatórios

EQUIPA DA ADF

Economistas e especialistas em saúde concordam que os confinamentos obrigatórios rigorosos deixaram de ser a melhor forma de responder à propagação da COVID-19.

Citando a África do Sul, os economistas do banco de investimentos, BNP Paribas, um grupo bancário internacional, disseram que a reintrodução de medidas de confinamento obrigatório rigorosas irá causar uma pressão financeira.

Visto que a variante Ómicron da COVID-19 coloca menos pressão sobre o sistema de saúde dos países, o governo foi capaz de evitar a imposição de restrições rigorosas sobre a sua economia e eventualmente aliviar quase todas as medidas de confinamento obrigatório total, disseram os especialistas do BNP num documento de pesquisa, cujos trechos foram publicados pelo site de notícias de negócios sul-africano, Business Tech.

“Acreditamos que as barreiras para a retoma dos confinamentos obrigatórios mais rigorosos são elevadas, enquanto esperávamos que o governo adoptasse uma abordagem mais pragmática quando olha para o vírus para fazer a transição para um estágio endémico,” escreveram os especialistas do BNP.

Nicholas Ngepa, professor de economia na Universidade de Joanesburgo, África do Sul, disse que as pessoas são obrigadas a sair de suas residências para satisfazerem necessidades básicas. Isto nega o valor dos confinamentos obrigatórios.

“O que aconteceu durante a COVID-19 é que as pessoas ficam em confinamento obrigatório através de regulamentos rigorosos,” disse Ngepa num artigo publicado pela universidade. ““Mas a maioria delas não têm nutrição, oportunidades económicas básicas e infra-estruturas para lidar com isso. Torna-se quase impossível que uma pessoa pobre consiga manter as regras dos confinamentos obrigatórios. As regras são muito rigorosas, mas as pessoas as desobedecem. Elas estarão dispostas a lutar contra o policiamento da ordem pública para manter os seus meios de subsistência em andamento.”

O documento do BNP e o artigo da Universidade de Joanesburgo foram publicados depois que o Dr. John Nkengasong, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, ter dito, em Janeiro, que os confinamento obrigatórios rigorosos já não eram uma forma útil para conter a COVID-19.

“O período em que utilizávamos os confinamentos obrigatórios severos como uma ferramenta já terminou,” disse Nkengasong. “Devemos, na verdade, estar a procurar ver como utilizamos a saúde pública e as medidas sociais de forma mais cuidadosa e de uma forma mais equilibrada.”

No início de Fevereiro, a África do Sul anunciou que a vaga da Ómicron tinha terminado. Embora as máscaras ainda sejam necessárias, as escolas reabriram pela primeira vez depois de mais de um ano.

As restrições limitadas permitiram que os turistas regressassem e que os negócios reabrissem. A nova abordagem veio depois de uma queda de 30% no número de novos casos de COVID-19 em finais de Dezembro de 2021 e baixas taxas de hospitalização entre os infectados.

No povoado de Khayelitsha, da Cidade do Cabo, Siphelo Jalivane, que é proprietário de um bar e restaurante, disse à Deutsche Welle (DW) que ele foi obrigado a encerrar os seus negócios dois anos atrás devido às dificuldades financeiras ligadas aos confinamentos obrigatórios. Em Fevereiro, os negócios reabriram e ficaram lotados com clientes.

“A COVID ensinou-nos muitas coisas,” Jalivane disse à DW. “É necessário guardar os seus ovos em cestos diferentes.”

Mfundo Mbeki, que é proprietário e parceiro do negócio, disse à DW que ele nunca mais quer ouvir falar de COVID-19.

“É isso o que desejamos.” disse Mbeki.

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