Guiné e RDC Respondem a Novos Surtos do Ébola
EQUIPA DA ADF
Cinco anos depois de a África Ocidental ter derrotado um grande surto de Ébola, os profissionais de saúde estão a correr para acabar com novos surtos, na República Democrática do Congo (DRC), antes que se propaguem.
No final de Fevereiro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) registou 17 casos de Ébola e sete mortes, na Guiné, e oito casos e quatro mortes, na RDC. As equipas começaram as famosas vacinações em sistema de anel, em ambos países, para proteger as pessoas que possam ter entrado em contacto com pessoas expostas ao vírus.
A vacinação em anel controla um surto através da vacinação e monitoria de um círculo de pessoas à volta de cada indivíduo infectado, formando uma protecção para impedir que a doença se propague.
“Os governos da região consideram a vacina como um pilar viável da resposta na sua luta para o controlo rápido do Ébola,” Mosoka Fallah, antigo director-geral do Instituto Nacional de Saúde Pública da Libéria, disse à ADF. “Vimos que os cidadãos não estão a oferecer resistência ou deixar de confiar nas notícias sobre os novos casos de Ébola.”
O começo das vacinações, na Guiné e na RDC, está a levar a uma esperança de que o surto será controlado de forma atempada, Dr. Ngoy Nsenga, gestor do programa de resposta de emergência da OMS, no Escritório Regional de África, disse numa conferência de imprensa, no dia 25 de Fevereiro.
De acordo com a OMS, os profissionais de saúde tinham rastreado aproximadamente 500 contactos na Guiné e tinham vacinado mais de 1.000 pessoas até finais de Fevereiro.
O Ébola surgiu quando a Guiné também lutava contra a propagação da COVID-19, da febre amarela e do sarampo.
Na Guiné, o surto do Ébola surgiu depois do funeral de um enfermeiro que morreu no dia 28 de Janeiro, em Gouecke, uma comunidade rural, na prefeitura de N’Zerekore. Cinco membros da sua família contraíram o Ébola; dois dos seus irmãos morreram.
A prefeitura de N’Zerekore faz fronteira com a Libéria e está próxima da fronteira ocidental da Costa do Marfim, aumentando o potencial para uma transmissão transfronteiriça.
Guiné, Libéria e Serra Leoa experimentaram o pior surto do Ébola já registado, de 2014 a 2016, quando mais de 11.300 pessoas morreram vítimas da doença.
O Primeiro-Ministro da Guiné, Ibrahima Kassory Fofona, anunciou o actual surto de Ébola no Twitter, no dia 15 de Fevereiro. A sua mensagem para a sua audiência: Não entrem em pânico.
“Nestes últimos anos, o país criou estruturas para lidar com este tipo de epidemia,” escreveu Fofona. “O Ébola será mais uma vez derrotado.”
Tirando lições da experiência, os sistemas de saúde dos países ao redor da Guiné começaram a fazer a monitoria do tráfico transfronteiriço para prevenir mais propagação, de acordo com Dr. Merawi Aragaw Tegeegne, chefe interino da preparação para a emergência e resposta, no Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças.
Aragaw disse, numa conferência de imprensa, nos finais de Fevereiro, que a OMS tinha destacado 11.300 doses de vacinas do Ébola para a Guiné e começou a rastrear os viajantes em portos de entrada.
“A investigação ainda está a decorrer para se conhecer a origem do surto,” disse Aragaw.
A transmissão transfronteiriça também é uma preocupação na região do Kivu do Norte, da RDC, que faz fronteira com Uganda e Ruanda. Os profissionais de saúde rastrearam aproximadamente 1.000 contactos e vacinaram aproximadamente 660 pessoas até finais de Fevereiro, disse Aragaw. Ele enfatizou que os surtos da Guiné e da RDC não estão ligados um ao outro.
Questões de segurança dificultam a detecção de casos e o rastreamento de contactos daqueles que estão infectados, de acordo com a OMS. Mais de 4.300 doses da vacina foram enviadas para o Kivu do Norte, em finais de Fevereiro. Estes serão um suplemento das cerca de 8.000 doses da vacina que ainda estavam disponíveis no país no fim do anterior surto de Ébola, que se declarou como tendo terminado no dia 18 de Novembro.
Pouco depois do começo do surto, a OMS disponibilizou 1,25 milhões de dólares para reforçar a resposta da Guiné e para reforçar a prontidão na Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Senegal e Serra Leoa. O Fundo de Respostas de Emergência das Nações Unidas disponibilizou 15 milhões de dólares para apoiar a Guiné e a RDC e para reforçar a preparação nos países vizinhos.
Dra. Matshidiso Moeti, directora regional da Organização Mundial de Saúde para África, disse que as autoridades enviaram mais de 100 funcionários, juntamente com oito especialistas dos escritórios regionais de Brazzaville, República do Congo, para a Guiné, de modo a ajudarem a controlar o surto.
“A nossa acção rápida e colectiva é crucial para evitar uma propagação descontrolada do Ébola em meio a pandemia da COVID-19, que já colocou os profissionais de saúde e os sistemas de saúde no limite,” disse Moeti. “Aprendemos a dura lição da história e sabemos, com o Ébola e outras emergências de saúde, que a preparação funciona. É preciso agir agora ou pagar depois com perda de vidas e destruição de economias.”
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