EQUIPA DA ADF
O dia 16 de Maio de 2003 está gravado na memória de muitos marroquinos. Foi o dia em que cinco atentados bombistas suicidas coordenados mataram 43 pessoas em Casablanca e abalaram a segurança do país.
Dez dias depois, o parlamento promulgou leis rigorosas de combate ao terrorismo.
Avançando para o ano de 2020, e as principais manchetes em Marrocos incluem uma célula de terrorismo desmantelada, um plano de insurgência fracassado e aspirantes a militantes presos com armas e explosivos.
A operação de combate ao terrorismo do Marrocos extinguiu uma das maiores e mais recentes ameaças no dia 10 de Setembro, quando agentes do Gabinete Central de Investigações Judiciais apreenderam cinco extremistas que tinham jurado fidelidade ao ISIS.
Os suspeitos foram encontrados em Tangier e em três locais da região de Rabat com quilos de nitrato de amónio, cinturões e coletes explosivos, armas brancas e equipamento electrónico.
“A célula terrorista recorda os acontecimentos de 16 de Maio em Casablanca, pelo facto de os seus membros serem bombistas suicidas,” disse Abdelhak Khiame, o então director do gabinete, numa conferência de imprensa em Setembro. “Era uma célula perigosa pronta para entrar em acção a qualquer momento. Se estes atentados fossem levados a cabo, teriam causado tragédias.”
A ameaça do terrorismo no Norte de África é contínua, contudo, Marrocos é o único país com baixa taxa de risco, de acordo com uma classificação de Dezembro feita pela International SOS, uma empresa de prestação de serviços de segurança. Na verdade, o Marrocos é um de apenas 12 países africanos com baixo risco de terrorismo.
O gabinete faz parte da Direcção Geral de Vigilância Territorial do Marrocos (DGST), que afirmou, em comunicado de imprensa em Novembro, que desmantelou 207 células terroristas desde 2002, incluindo 32 células do ISIS desde 2017.
A sua abordagem robusta e multifacetada ganhou elogios de todo o mundo.
“O Marrocos continuou a sua estratégia exaustiva de combate ao terrorismo que inclui medidas cautelares de segurança, cooperação regional e internacional e ainda políticas de combate à radicalização,” disse o Departamento do Estado dos EUA no seu Relatório Nacional sobre o Terrorismo de 2019, que observou que a prisão de terroristas duplicou de 2018 para 2019.
O Marrocos desenvolveu um aparelho de vigilância robusto para fazer a monitoria de chamadas telefónicas e pesquisas online, enquanto o seu Ministério do Interior organizou 50.000 agentes auxiliares em todo o país para denunciarem comportamentos estranhos. O país também destacou forças de segurança para montarem guarda nos edifícios administrativos, aeroportos e terminais ferroviários.
O DGST diz que a sua abordagem contra o terrorismo segue duas linhas: fazer apreensões para prevenir atentados e lutar contra a ideologia extremista através de um processo de desradicalização criado para os prisioneiros do país chamado Moussalaha (que significa reconciliação, em Árabe).
Um estudo feito em Abril por um grupo de reflexão belga comparou as estratégias de combate ao terrorismo de três países da África do Norte e estudou como o Marrocos lida com extremistas islâmicos locais e antigos militantes que regressam à casa.
“Marrocos é o único local que adopta uma abordagem sistemática,” afirma o relatório. “É de longe o país mais preparado na região.
“Possui serviços de segurança fortes que foram mais reforçados ainda recentemente; adoptou novas leis para amenizar os julgamentos dos antigos militantes; e desenvolveu programas de reabilitação das prisões, contando com o escrutínio de outros países. O Marrocos também é muito activo em fóruns internacionais, como o Fórum Global de Combate ao Terrorismo, partilhando experiências com outros países europeus, africanos e asiáticos.”