Marinha Beninense e Sea Shepherd Apreendem um Arrastão Industrial

EQUIPA DA ADF

Membros da marinha de guerra do Benin apreenderam um arrastão industrial por pescar ilegalmente numa zona reservada para pescadores artesanais. A Sea Shepherd Global, que trabalha com vários países da África Ocidental para erradicar a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN), ajudou as autoridades.

Uma embarcação da Sea Shepherd estava a dirigir-se ao Porto de Cotonou, em Benin, quando viu o arrastão a pescar bem próximo da Reserva Ecológica Bouche du Roy, onde se encontram os mangais exuberantes e as lagoas de importância vital para as unidades populacionais de peixe nativo.

“A embarcação ostentava uma bandeira do Benin, mas acredita-se que o proprietário beneficiário seja chinês,” Peter Hammarstedt, director de campanhas da Sea Shepherd, disse à ADF, acrescentando que três dos quatro arrastões apreendidos na mesma área no ano passado eram de propriedade chinesa.

Durante várias noites, a tripulação da Sea Shepherd utilizou equipamento com visão nocturna para vigiar os arrastões e o seu equipamento, na reserva. As autoridades fizeram a detenção no dia 29 de Outubro.

Por causa das dimensões do porto, os arrastões industriais nos países da África Ocidental são ancorados próximo das autoridades locais, às vezes, partilhando a mesma doca.

“Sendo assim, sempre que uma barco da Marinha sai do porto, as embarcações de pesca industrial recebem um alerta antecipado de que a patrulha está a caminho,” disse Hammarstedt num e-mail. “Uma vez que a embarcação da Sea Shepherd chega pelo mar, partindo de um porto estrangeiro, começando a patrulha com uma missão de reconhecimento, permite-se que se mantenha o elemento surpresa.”

Em 2013, existiam aproximadamente 50.000 canoas artesanais no Benin, de acordo com a Organização das Nações Unidas.

A região ao redor da reserva acolhe aproximadamente 2 milhões de habitantes do Benin e do Togo. De acordo com a Sea Shepherd, as águas da reserva são ricas em atum migrador e baleias-corcunda.

O Benin fez parceria com a Sea Shepherd no ano passado e tem realizado patrulhas marítimas durante o período da pandemia da COVID-19.

“O Benin é certamente um líder regional na luta contra a pesca INN,” disse Hammarstedt. “O Comissário dos Assuntos Marítimos está muito motivado para erradicar a pesca INN das águas beninenses.”
Desde 2016, a Sea Shepherd também trabalhou com os governos do Gabão, Libéria, Namíbia, São Tome e Príncipe, Tanzânia e Gâmbia. As parcerias fizeram com que fossem apreendidas 55 embarcações por pescar ilegalmente e outros crimes relacionados com as pescas, de acordo com a Sea Shepherd.

Na região da África Ocidental, a pesca INN priva os residentes locais de alimentos e rendimentos e destrói os ecossistemas. A China é o pior infractor do mundo quando se trata de pesca INN, de acordo com um índice desenvolvido por uma instituição denominada Gestão de Recursos Aquáticos Poseidon e pela Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional.

Estima-se que a pesca INN e outras práticas comerciais marítimas ilegais possam custar aos países da África Ocidental “aproximadamente 1,95 bilhões de dólares em toda a cadeia de valores pesqueiros e 593 milhões por ano em rendimento familiar perdido,” de acordo com a revista The Africa Report.

Aproximadamente 7 milhões de pessoas na África Ocidental dependem da pesca para obterem um rendimento e até 50 milhões de pessoas se encontram em risco de insegurança alimentar e má nutrição. Isso significa que qualquer interrupção na disponibilidade de mariscos pode causar um impacto drástico na saúde e na segurança económica das populações da região.

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