Muitas vezes, a segurança marítima fica em segundo plano em relação às questões terrestres. É fácil que os problemas que agitam os vastos mares permaneçam fora da vista e da mente.
Muitos países africanos estão a perceber que não podem mais se dar ao luxo de assumir essa posição. A economia azul é um motor de crescimento, responsável por 300 bilhões de dólares em comércio e por 50 milhões de empregos. Os oceanos são essenciais para a segurança alimentar, com 200 milhões de africanos dependendo de frutos do mar para parte da sua alimentação.
Mas esse recurso está sob ataque. Os arrastões estrangeiros aproveitam-se de áreas com fiscalização fraca para dizimar as unidades populacionais de peixes. O Golfo da Guiné é um ponto crítico global para a pesca ilegal, com grandes arrastões, em grande parte chineses, a desrespeitar as leis e a custar à região cerca de 9,4 bilhões de dólares por ano.
Outros crimes, como o tráfico de droga, a eliminação de resíduos perigosos, a pirataria e o contrabando, prosperam em áreas onde os criminosos sabem que há poucos riscos de serem detidos por um navio das forças policiais.
Em resposta a estas ameaças, as marinhas com orçamentos limitados estão a tornar-se criativas. As novas tecnologias e o reforço das parcerias ajudam a partilhar os encargos entre fronteiras e a maximizar os recursos. Os países estão a utilizar ferramentas de baixo custo para a vigilância do domínio marítimo, como a plataforma SeaVision, baseada na internet, para identificar embarcações suspeitas e pontos críticos de actividade ilegal. Estruturas regionais, como o Código de Conduta de Djibouti e o Código de Conduta de Yaoundé, estão a facilitar a partilha instantânea de informações, alertas regionais e acções conjuntas. Ferramentas como drones aéreos e marítimos estão a servir como multiplicadores de força para as forças navais com recursos limitados. A inteligência artificial ajuda as autoridades a decifrar as informações que recebem e a agir com base nelas.
A economia azul depende da melhoria da segurança no mar. Enquanto os profissionais de segurança procuram construir um futuro estável e próspero, sabem que devem proteger as pescas, as rotas comerciais, as praias e os portos do continente.
A capacidade para o fazer está agora ao nosso alcance. A determinação existe. As parcerias estão estabelecidas. As ferramentas estão disponíveis. Se as marinhas de toda a África puderem continuar a trabalhar em conjunto e a aproveitar este impulso marítimo, poderão ajudar a libertar o potencial económico do oceano e a proteger recursos preciosos para as gerações futuras.
