As empresas da África Oriental estão a recorrer à inteligência artificial (IA) para tornar as suas empresas mais rápidas e eficientes e para descobrir novas oportunidades.
No entanto, Brian Kiplagat, chefe da segurança cibernética da NTT DATA East Africa, alerta que a IA também está a potencializar os ataques.
“Estamos a assistir a um aumento dos ataques cibernéticos em que a IA é utilizada para identificar e explorar vulnerabilidades a uma velocidade sem precedentes,” Kiplagat disse numa mesa-redonda de líderes do sector em Nairobi, de acordo com o site CIO Africa. “Muitas organizações têm controlos locais fortes, mas enfrentam dificuldades com a visibilidade e a governação em ambientes de nuvem e de trabalho remoto. Isso expõe lacunas críticas que os atacantes estão cada vez mais a explorar.”
Os criminosos cibernéticos podem usar a IA para roubar palavras-passe e criar e-mails de phishing mais convincentes para enganar os utilizadores. Os piratas informáticos usam malware alimentado pela IA para contornar os softwares tradicionais de protecção contra vírus.
“A IA oferece oportunidades incríveis, mas também está a mudar o panorama das ameaças. Estamos a lidar com malware gerado pela IA, golpes deepfake e sistemas autónomos que podem ser sequestrados,” disse Kelvin Mugambi, arquitecto de soluções técnicas da Cisco para a África Subsariana. “Isso exige uma mudança radical na forma como protegemos a infra-estrutura digital. Temos de proteger sistemas que possam pensar e agir, não apenas reagir.”
Mugambi afirmou que apenas 4% das organizações de todo o mundo são consideradas “maduras” em termos de preparação para a segurança cibernética, enquanto 86% sofreram incidentes de segurança relacionados com a IA nos últimos doze meses. Os líderes do sector também salientaram que o continente enfrenta uma escassez de profissionais de segurança cibernética.
Num ensaio para a EB.net, Boland Lithebe, responsável pela segurança da Accenture na África do Sul, afirmou que as empresas e os governos precisam de utilizar a IA como parte das suas defesas. Ele observou que os bancos utilizam a IA para detectar transacções fraudulentas em tempo real. Ele disse que as plataformas de inteligência de ameaças alimentadas pela IA podem ajudar a automatizar respostas a ataques cibernéticos, melhorar o tempo de reacção e limitar os danos.
“Assim como a IA capacita os criminosos cibernéticos, ela também pode fortalecer as defesas,” salientou Lithebe. “Os sistemas de detecção de ameaças baseados na IA podem analisar padrões, sinalizar anomalias e prever ataques antes que eles aconteçam. Num país como a África do Sul, onde as competências em segurança cibernética são escassas, a IA pode desempenhar um papel crucial para colmatar essa lacuna.”
