A Somália revelou uma estratégia nacional destinada a combater os dispositivos explosivos improvisados, a arma mais mortífera utilizada pelo grupo terrorista al-Shabaab.
O esforço está em andamento desde 2023, quando especialistas realizaram uma avaliação de base das capacidades do país em matéria de combate a dispositivos explosivos improvisados. A nova estratégia, anunciada num evento realizado em Setembro em Mogadíscio, fornece uma estrutura para adicionar mais unidades de eliminação de engenhos explosivos ao Exército Nacional da Somália (SNA) e melhorar a colaboração entre agências.
“Este é um marco histórico para o nosso país. Nunca antes tivemos uma estrutura unificada e de propriedade nacional para lidar com a ameaça dos DEI,” disse Awes Hagi Yusuf Ahmed, conselheiro de segurança nacional da Somália. “Esta estratégia representa uma mudança decisiva de medidas reactivas para uma abordagem proactiva, baseada em inteligência e ancorada na propriedade nacional.”
A estratégia ajudará as autoridades somalis a implementar rapidamente novas leis e regulamentos, particularmente aqueles necessários para controlar o acesso a produtos químicos usados na fabricação de bombas. Ela estabelecerá um sistema nacional de rastreamento electrónico para materiais precursores usados em bombas.
Também prevê um centro nacional C-DEI e estratégias para melhorar a segurança nas fronteiras, desmantelar redes financeiras terroristas e educar o público sobre a ameaça.
“Isso não é apenas um esforço militar,” afirmou o Ministro da Defesa da Somália, Ahmed Moallim Fiqi. “É uma missão de todo o governo e de toda a sociedade para salvaguardar as vidas somalis e garantir o nosso futuro.”
Os explosivos continuam a causar estragos na vida somali. Em 2024, mais de 600 explosões de DEI mataram ou feriram mais de 1.400 pessoas. Na última década, 61% das vítimas foram civis somalis, de acordo com o grupo Action on Armed Violence. A Somália foi o quinto país mais afectado por DEI a nível global em 2024.
O combate a DEI e outras armas assimétricas é complicado pela colaboração entre o al-Shabaab e os rebeldes Houthis apoiados pelo Irão no Iémen. As autoridades alertaram que os Houthis estão a planear enviar drones, componentes explosivos e armas pequenas para o al-Shabaab. O grupo terrorista também adquire materiais para fabricar bombas de várias fontes domésticas, incluindo munições capturadas no campo de batalha e produtos químicos utilizados na construção e na agricultura.
“Estamos envolvidos numa guerra acirrada com um inimigo que usa minas como arma preferencial. Esses dispositivos atrasam o nosso avanço, e superá-los é fundamental para libertar mais áreas,” Omar Ali Abdi, ministro de Estado do Ministério da Defesa da Somália, disse, em Maio, numa cerimónia de entrega de equipamentos de protecção e kits de treino para soldados.
As Nações Unidas têm liderado os esforços para ajudar a Somália a melhorar os seus conhecimentos em matéria de C-DEI. O Serviço de Acção Contra Minas das Nações Unidas (UNMAS) treinou e equipou 61 equipas de neutralização de engenhos explosivos (NEE) do SNA e ministrou cursos de formação de formadores para garantir que o conhecimento seja disseminado por todo o exército. O UNMAS também treinou 21 equipas de NEE da Força de Polícia da Somália.
O Representante Especial da ONU para a Somália, James Swan, disse que a nova estratégia nacional é o resultado da “liderança somali, desenvolvida com determinação e visão.”
“O desafio agora reside na implementação sustentada,” disse Swan. “Estamos confiantes de que, com a determinação nacional contínua e com o apoio coordenado e focado dos parceiros internacionais, esta estratégia pode fortalecer a capacidade da Somália de mitigar a ameaça de DEI, proteger o povo somali e reforçar a paz e a segurança. Este é um passo importante.”