A posição do Djibouti no extremo sul do Estreito de Bab al-Mandeb, no Mar Vermelho, tornou-o vital para os esforços internacionais e regionais de combate ao terrorismo destinados a desmantelar o al-Shabaab na Somália e os rebeldes Houthi no Iémen.
O Djibouti é uma ilha de estabilidade e calma numa região marcada pela instabilidade. É também o berço do Código de Conduta do Djibouti, adoptado em 2009 para apoiar a capacidade regional e nacional de combater a ameaça da pirataria e dos assaltos à mão armada contra navios no Oceano Índico Ocidental e no Golfo de Áden.
Com os recentes ataques dos rebeldes Houthi a navios mercantes em trânsito no Mar Vermelho e as ligações com o aumento dos ataques terroristas do al-Shabaab, os peritos em segurança consideram que o papel do Djibouti na região do Mar Vermelho é mais importante do que nunca.
“O Djibouti posicionou-se com êxito como um activo indispensável na região,” escreveram os analistas da Bloomberg num boletim informativo recente.
Apesar da sua história de ordem e estabilidade, os djibutianos não estão imunes à violência que se regista fora das suas fronteiras.
Em 2014, o al-Shabaab atacou um restaurante na capital, matando um soldado turco e ferindo outras 11 pessoas. O al-Shabaab afirmou que o ataque foi uma reacção ao facto de o Djibouti acolher várias bases militares internacionais no seu território.
No ano passado, o grupo terrorista levou a cabo um atentado suicida com carro armadilhado contra a base militar a partir da qual as tropas djibutianas serviam como parte da Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS) na região central de Hiran, na Somália.
As tropas do Djibouti continuam a ser uma componente essencial da Missão de Apoio e Estabilização da União Africana na Somália (AUSSOM), a mais recente missão internacional de manutenção da paz no país. O Djibouti está a contribuir com 1.520 dos cerca de 12.000 efectivos de segurança africanos dedicados a essa missão.
O Djibouti também desempenha um papel fundamental nos esforços antiterroristas da região, na qualidade de anfitrião da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD). O Centro de Excelência da IGAD para a Prevenção e Combate ao Extremismo Violento (ICEPCVE) fornece formação e recursos para ajudar as nações a combater o terrorismo em toda a região.
A experiência do Djibouti na luta contra o al-Shabaab na Somália pode ser útil, numa altura em que o grupo terrorista somali estabelece ligações com os Houthis, também conhecidos como Ansar Allah, a uma curta viagem de barco através do Bab-al-Mandeb, no Iémen.
“O comércio de armas no Mar Vermelho tem sido um factor preponderante nos laços do Ansar Allah com a Somália,” os analistas Ibrahim Jalal e Adnan al-Jabarni escreveram recentemente para o Carnegie Endowment for International Peace.
Em 2020, a Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional informou que as armas fornecidas pelo Irão aos Houthis apareceram nas mãos de combatentes do al-Shabaab na Somália. O Irão está alegadamente a procurar desenvolver laços mais estreitos com o grupo terrorista al-Shabaab na Somália.
Em resposta aos ataques no Mar Vermelho, o Djibouti tornou-se um ponto-chave para os navios comerciais transferirem a sua carga para navios mais pequenos, um processo conhecido como transbordo. Nalguns casos, esses navios mais pequenos arvoram as bandeiras de países que os Houthis não têm como alvo de ataques. Noutros casos, os navios mais pequenos tornam-se simplesmente alvos mais pequenos e mais difíceis de atingir pelos Houthis.
Apesar da sua pequena dimensão e do seu historial de neutralidade em relação a conflitos internacionais e regionais, o Djibouti desempenha um papel de grande importância na garantia da segurança marítima do Mar Vermelho.