EQUIPA DA ADF
De acordo com a Força de Defesa da Zâmbia (ZDF), está em preparação um gabinete regional para soluções inovadoras para a violência baseada no género na África Austral.
Este foi apenas um dos resultados de um workshop realizado em Lusaka, de 23 de Setembro a 2 de Outubro, que procurou reforçar as capacidades da ZDF e da região no combate à violência baseada no género (VBG).
A ZDF recebeu oficiais militares regionais no workshop de uma semana como parte da sua parceria com o Comando dos Estados Unidos para a África (AFRICOM) para combater a VBG.
No final do evento, o Sargento Kalumbi Esther, da ZDF, agradeceu aos participantes por trabalharem para construir e reforçar as iniciativas regionais.
“O conhecimento e a experiência partilhados durante o workshop aprofundaram a nossa compreensão da VBG e a sua relevância para a eficácia operacional da Força de Defesa da Zâmbia,” disse num comunicado.
O seminário, que faz parte da iniciativa Mulheres, Paz e Segurança (MPS), incluiu sessões sobre empatia, preconceitos implícitos e cuidados informados sobre o trauma. A ZDF também elaborou um quadro de política da VBG para reforçar a sua capacidade de protecção das mulheres contra a violência, a agressão sexual e o assédio.
É fundamental que o local de trabalho militar esteja livre de assédio com base no género, afirmou o Major Stephen Muleya, da ZDF, participante no workshop.
“Quando os indivíduos sabem que podem desempenhar as suas funções sem a ameaça de assédio ou violência, é mais provável que se concentrem totalmente nas suas missões,” afirmou, segundo a Voz da América. “Temos de cultivar activamente uma atmosfera em que todos possam prosperar sem medo e sem intimidação.”
Juntamente com a Zâmbia, as forças armadas do Botswana também estão a participar no esforço para reforçar as iniciativas regionais contra a agressão sexual e realizaram um seminário sobre MPS em Agosto.
Um problema generalizado no continente, a violência baseada no género inclui a violação, o assédio sexual, a violência doméstica e o tráfico. Tornou-se uma questão prioritária para várias forças armadas africanas, visto que a VBG mina a confiança nas instituições e tem impacto no desenvolvimento económico.
De acordo com o Banco Mundial, 42% das mulheres na África Oriental e Austral são vítimas de violência física ou sexual, o que muitas vezes inibe a participação na educação e na força de trabalho e custa às economias até 4% do seu produto interno bruto.
“A Força de Defesa da Zâmbia demonstrou uma iniciativa extraordinária e é evidente que está a caminho de se tornar um líder regional neste espaço,” a Tenente-Coronel Linda Jones, chefe dos Compromissos de Saúde Global em África para as Forças Aéreas dos EUA na Europa-Forças Aéreas de África, disse num comunicado.
“Em cada sessão, a ZDF continua a reforçar a sua capacidade de lidar com estas questões cruciais, não apenas no seio das suas forças, mas em toda a sociedade.”
Outra participante, a Sargento Técnico da Força Aérea dos EUA Samara Brown, disse que, se a VBG não for combatida, pode prejudicar a execução de todo o tipo de tarefas militares.
“A violência baseada no género mina os valores fundamentais de qualquer organização militar,” afirmou num comunicado. “Isso corrói a confiança, perturba a unidade e a coesão e, em última análise, compromete a prontidão da missão.
“Temos de tomar uma posição firme contra isso, não apenas como uma questão de política, mas como um compromisso de defender os princípios de honra, integridade e respeito que definem o nosso serviço.”
A Coronel Cynthia Chimpusa, directora da cooperação civil-militar da ZDF, agradeceu a parceria do seu país com o AFRICOM.
“Temos a honra de trabalhar ao lado da equipa dos EUA para reforçar as nossas capacidades de combate à violência baseada no género e às agressões sexuais,” afirmou num comunicado. “Esta parceria é um testemunho do nosso empenho mútuo na protecção das nossas comunidades.
“Olhando para o futuro, pretendemos expandir o Quadro de Prevenção da Violência Sexual na ZDF e criar um gabinete específico para tratar destes assuntos.”
A conselheira jurídica da Força Aérea da Zâmbia, Major Glory Musonda, resumiu o evento e disse que deveria resultar em soluções para a VBG na ZDF.
“Todos nós temos a responsabilidade de construir ambientes militares onde o respeito e a dignidade sejam mantidos,” disse, segundo a VOA. “Não basta simplesmente reconhecer o problema. Temos de trabalhar activamente para encontrar soluções que garantam a segurança e o bem-estar de todos os soldados.”