EQUIPA DA ADF
As Forças Armadas do Gana (GAF) organizaram um seminário de cinco dias em Setembro com a
Força-Tarefa do Exército dos EUA para o Sul da Europa e África (SETAF-AF), que se centrou no reforço da capacidade das operações civis-militares (CMO) num contexto de insegurança crescente no norte do Gana.
As forças militares utilizam as CMO para criar confiança junto dos civis e ganhar aliados nos esforços de luta contra o terrorismo.O workshop apoiou os esforços das GAF para criar uma directiva de CMO que a institucionalize, melhore a formação e as suas operações, apoie as autoridades civis e melhore a segurança e a estabilidade.
“Este simpósio representa uma oportunidade vital para partilhar conhecimentos e estratégias que podem dar resposta aos desafios prementes que enfrentamos em conjunto,” o Brigadeiro-General Kweku Dankwa Hagan, vice-chefe do Estado-Maior responsável pelas operações e formação no Quartel-General do Exército do Gana, disse num comunicado de imprensa.
O evento também apoiou os esforços da SETAF-AF para manter a sua prontidão militar e reforçar a sua parceria com o Gana.
“Este foi um grande evento para trabalharmos as nossas próprias capacidades de planear e executar actividades eficazes com as GAF,” o Capitão do Exército dos EUA Kandace Burton, oficial do Batalhão de Assuntos Civis do SETAF-AF
, disse no comunicado. “Permitiu-nos não só melhorar as nossas capacidades, mas também trabalhar em estreita colaboração com os nossos homólogos das GAF para garantir a compreensão mútua e a eficácia em futuros compromissos.”O workshop foi oportuno, visto que se realizou dias depois de terroristas terem matado pelo menos 12 soldados togoleses num ataque a uma base militar a 70 quilómetros do Gana, perto da fronteira com o Burquina Faso. Devido a este ataque e a outros, os analistas de segurança afirmam que o
Gana deve fortificar as suas fronteiras porosas e aumentar a sua colaboração antiterrorista com os países vizinhos.
Os analistas afirmam também que uma comunicação aberta com os habitantes das zonas fronteiriças é fundamental para impedir potenciais ameaças terroristas.“Não temos feito o suficiente para combater as ameaças porque a nossa abordagem tem sido tão unilateral, insustentável e demasiado militarizada,” Adib Saani, director-executivo do Centro Jatikay para a Segurança Humana e Construção da Paz do Gana, disse ao The Africa Report. “As comunidades ao longo das fronteiras devem ser sensibilizadas para que possam ajudar os militares com informações relevantes para manter as fronteiras seguras.”
Dias depois do ataque ao Togo, o Burquina Faso e o Gana retomaram as operações conjuntas de patrulha de segurança que tinham sido suspensas depois de o Burquina Faso ter abandonado a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). As patrulhas também aumentaram ao longo da fronteira do Gana com o Togo.
“A única coisa que nos mantém a salvo dos terroristas não é a sua incapacidade de atacar, mas a sua falta de interesse, porque o Gana continua a ser um importante centro logístico para eles,” Saani disse ao The Africa Report.
A localização do Gana oferece aos terroristas uma via para vender e contrabandear bens e gado e é um local seguro para ficarem e se deslocarem para o Burquina Faso para combater, segundo o jornalista ganês, Eliasu Tanko, que monitoriza o movimento extremista.
“Alguns também têm famílias muito numerosas no Gana e, por isso, não querem fazer nada que possa chamar a atenção das forças de segurança daqui,” Tanko disse à revista African Arguments.
Os esforços regionais de combate ao terrorismo são ainda mais complicados, devido à saída do Mali e do Níger da CEDEAO. Albert Kan Dapaah, Ministro da Segurança Nacional do Gana, exortou os três países do Sahel a aderirem ao bloco regional por razões de segurança.
“Vamos continuar a ter diferenças políticas,” Kan Dapaah disse ao Citi News do Gana. “Mesmo dentro dos mesmos países, existem diferenças políticas, existirão sempre diferenças políticas. Mas, a qualquer altura, devemos assegurar-nos de que não existem diferenças quando se trata de garantir que os nossos países estão seguros, pacíficos e protegidos.”