EQUIPA DA ADF
O moral das tropas estava elevado quando a Força-Tarefa Conjunta Multinacional lançou a Operação Lake Sanity 2 a 23 de Abril e começou imediatamente a fazer progressos contra as organizações extremistas violentas que aterrorizam a região há anos.
Um vídeo divulgado pelo exército nigeriano em Maio mostrava isso mesmo, com as tropas no Estado de Borno a cantar, dançar e marchar com as suas espingardas erguidas após uma missão bem-sucedida que levou à rendição de 47 pessoas associadas ao Boko Haram e à Província da África Ocidental do Estado Islâmico (ISWAP).
Quando a operação Lake Sanity 2 terminou, no início de Agosto, a força-tarefa, também conhecida como MNJTF, anunciou que tinha “degradado ainda mais” os dois grupos insurgentes dos locais próximos do Lago Chade.
“As nossas dedicadas tropas têm sido incansáveis nos seus esforços,” o Major-General nigeriano Ibrahim Sallau Ali, comandante da MNJTF, disse durante uma conferência a 11 de Junho. “A operação Lake Sanity 2 foi muito bem-sucedida. Registámos a rendição de 176 terroristas e a detenção de 57 indivíduos envolvidos em actividades terroristas. Durante estas operações, recuperámos um notável esconderijo de armamento … juntamente com várias outras armas, munições e artigos de apoio logístico.
“As operações aéreas conduzidas pelas forças aéreas nacionais do Chade, da Nigéria e dos Camarões levaram à destruição de bases logísticas e áreas de preparação cruciais para os terroristas.”
Semanas depois, 263 combatentes, associados e familiares do Boko Haram renderam-se em vagas entre as operações da força-tarefa, de 10 a 17 de Julho. Todos foram identificados como nigerianos e entregues às tropas da Operação Hadin Kai do exército nigeriano, que está baseado no Estado de Borno, no nordeste do país, dominado pelo terror.
Alhaji Sarjoh Bah, director da Direcção de Gestão de Conflitos da Comissão da União Africana, elogiou os resultados da Operação Lake Sanity 2 durante uma reunião do Comité de Direcção Conjunto realizada nos dias 6 e 7 de Agosto em N’Djamena, no Chade.
“Derrotar o terrorismo na Bacia do Lago Chade aproximar-nos-á dos nossos esforços colectivos para silenciar as armas em África,” afirmou. “As lições e as melhores práticas da Bacia do Lago Chade serão aplicadas noutras zonas de conflito do continente, principalmente, mas não só, na região do Sahel. “A implementação da Estratégia Regional de Estabilização da Bacia do Lago Chade fornece lições úteis sobre a necessidade de equilibrar as operações cinéticas e não cinéticas.”
A operação Lake Sanity 2 adoptou uma abordagem combinada, misturando esforços de sensibilização civil com operações militares.
Um dos eventos, um programa de sensibilização médica de sete dias, levou consultas e medicamentos gratuitos a várias comunidades do norte dos Camarões. No dia 2 de Julho, a força-tarefa informou que “gerou uma resposta maciça da população local.”
Os analistas concordam que a Operação Lake Sanity 2 teve como alvo os esconderijos do Boko Haram e do ISWAP nas ilhas, pântanos e florestas da região. Porém, os grupos terroristas provaram que são resistentes e altamente adaptáveis.
Remadji Hoinathy, investigador do Instituto de Estudos de Segurança, sediado na África do Sul, que se debruça sobre a África Central e a Bacia do Lago Chade, disse que os efeitos da operação exigem que a MNJTF antecipe os próximos movimentos dos terroristas.
“Os sucessos [da Lake Sanity 2] levaram à dispersão dos combatentes para as zonas periféricas, onde começaram a atacar civis,” escreveu num artigo de 16 de Setembro. “Há relatos de comunidades que estão a ser perseguidas e de uma maior utilização de DEI (dispositivos explosivos improvisados) e de bombistas suicidas.
“O recurso do Boko Haram a engenhos explosivos e a ataques suicidas propaga o medo e perturba tanto a coesão da comunidade como os esforços militares. Estas tácticas devem ser combatidas frontalmente para evitar o ressurgimento e o regresso das facções terroristas.”
O Chefe de Informação Pública da MNJTF, Abubakar Abdullahi, destacou a Operação Lake Sanity 2 como um passo importante para trazer estabilidade à região.
“Os progressos realizados pela MNJTF no restabelecimento da estabilidade são apenas os primeiros passos no longo caminho para uma recuperação e desenvolvimento abrangentes,” disse num comunicado de 6 de Maio. “O futuro da Bacia do Lago Chade depende da continuação destes esforços concertados para garantir que esta região vital possa realizar plenamente o seu potencial como berço da prosperidade e da paz.”