EQUIPA DA ADF
O grupo Estado Islâmico (EI) afirma ter feito 788 ataques a nível mundial no primeiro semestre de 2024. Desses ataques, 536 foram em África, onde o grupo terrorista matou 2.142 pessoas.
Mais de metade do total de mortes causadas pela violência do EI no continente — 1.115 — foram registadas na África Ocidental, onde se destacam a Província da África Ocidental do Estado Islâmico (ISWAP) e o Estado Islâmico no Grande Sahara (ISGS).
Estas estatísticas evidenciam a expansão contínua do grupo EI em África, onde tem procurado constantemente recrutar e treinar novos combatentes desde que perdeu terreno no Médio Oriente.
“A expansão da presença do grupo em África tem profundas implicações para a segurança regional e global,” escreveu o investigador da HumAngle,
Aliyu Dahiru
. “Os vastos espaços não governados, as fronteiras porosas e os desafios sociopolíticos do continente constituem um terreno fértil para o desenvolvimento de grupos militantes.”
De acordo com informações do EI analisadas pelo jornal nigeriano Premium Times, o ISWAP lançou 232 ataques que mataram 609 pessoas na Nigéria e 40 nos Camarões entre Janeiro e Junho.
Embora o ISWAP opere principalmente no nordeste da Nigéria, procura também perturbar a governação local e controlar territórios nos Camarões, no Chade e no Níger.
Recentemente, a propaganda do ISWAP promoveu ataques suicidas contra posições militares e incluiu imagens de uma pessoa morta, suspeita de trabalhar como espião para as forças armadas nigerinas, informou a HumAngle. Os analistas afirmam que os membros do EI recorrem frequentemente a missões suicidas como último recurso, quando confrontados com formidáveis ofensivas militares.
A Força-Tarefa Conjunta Multinacional (MNJTF), composta por soldados do Benin, dos Camarões, do Chade, do Níger e da Nigéria, anunciou no início de Junho que a sua operação na Bacia do Lago Chade tinha matado 140 combatentes do Boko Haram e que outros 176 se tinham rendido.
O comandante da força, Major-General Ibrahim Ali, disse que a MNJTF recuperou 796 munições, uma metralhadora, cinco espingardas AK-47, duas motas, oito carregadores e outras armas, munições e outros artigos. Ali disse que as suas forças também destruíram bases logísticas e áreas de preparação cruciais para as operações do Boko Haram.
“Desde 23 de Abril, as tropas especializadas têm sido incansáveis nos seus esforços, tendo recentemente evacuado alguns locais como Doron Naira, Zanari, Bagadaza e outros redutos terroristas importantes
na zona do
Lago Chade,” Ali disse num artigo da African Perceptions.
Na República Democrática do Congo (RDC), a Província da África Central do Estado Islâmico (ISCAP) realizou 135 ataques que resultaram em 762 mortes no primeiro semestre do ano, segundo o EI.
O EI apresenta as Forças Democráticas Aliadas, que também operam no Uganda, como o seu principal ramo centro-africano. As Forças Democráticas Aliadas mataram cerca de 150 pessoas no leste da RDC entre 1 e 11 de Junho, de acordo com as autoridades locais e grupos civis.
Em Junho, as operações do grupo na RDC incluíram cerca de 15 ataques a civis perto de Beni, na província do Kivu do Norte. Um líder da sociedade civil, Seba Paluku, disse que algumas vítimas foram amarradas e decapitadas.
“Os corpos ainda estão no chão,” Paluku disse à Agence France-Presse. “Não há meios de os transportar porque os veículos não conseguem lá chegar.”
Um mês antes, o EI matou mais de 10 pessoas perto de Beni, incendiou as suas casas e confiscou os seus bens, tácticas comuns do grupo terrorista.
As forças congolesas e ugandesas conduzem operações conjuntas contra as Forças Democráticas Aliadas no Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, mas não impediram o grupo de atacar civis.
O EI alegou que os seus afiliados em Moçambique mataram 137 pessoas em 68 ataques, enquanto o seu afiliado na Somália matou 128 pessoas em 14 ataques.
Desde Dezembro de 2023, o
EI tem vindo a ressurgir em Moçambique, onde visa os cristãos através da sua campanha “Quebrar a Cruz.”
Em Maio, o grupo realizou o seu ataque mais ousado em Moçambique em anos, quando emboscou Macomia, onde centenas de soldados sul-africanos estão baseados desde 2021. Macomia situa-se na província de Cabo Delgado, devastada pelo conflito, onde se situa um projecto de gás natural liquefeito multibilionário há muito adiado.
O governo de Moçambique disse que as suas forças repeliram o ataque ao fim de 45 minutos. Segundo a agência noticiosa portuguesa Lusa, estiveram envolvidos mais de 100 combatentes do EI.