Retirada de Tropas do Níger Pode Levar os EUA a Realinhar as Forças na Região

EQUIPA DA ADF

Os Estados Unidos e o Níger estão a prosseguir as negociações para a retirada de cerca de 1.000 soldados americanos localizados em duas bases aéreas naquele país do Sahel.

No final de Abril, depois de anunciar a intenção de retirar todo o pessoal militar, os negociadores dos EUA continuam a trabalhar com o Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP) do Níger para definir os futuros planos e actividades de cooperação bilateral em matéria de segurança.

No dia 14 de Maio, o Secretário-Adjunto de Defesa, Christopher Maier, e o Tenente-General Dag Anderson, Director para o Desenvolvimento de Forças Conjuntas, do Estado-Maior Conjunto dos EUA, chegaram a Niamey para um encontro com os oficiais nigerinos a fim de desenvolver um cronograma conjunto de retirada das forças.

A violência extremista no Sahel continua a fazer vítimas mortais à medida que grupos ligados à al-Qaeda e ao grupo Estado Islâmico (EI) expandem o seu território.

O Níger registou o aumento mais significativo do terrorismo em 2023, com o dobro das mortes relacionadas com o terrorismo do que em 2022, de acordo com o Índice Global de Terrorismo (GTI) de 2024, publicado pelo Instituto para Economia e Paz.

Em 2023, o número de ataques terroristas no Níger aumentou para 61, contra 54 em 2022. Mas as mortes relacionadas com o terrorismo mais do que duplicaram — 468 em 2023 em comparação com 193 em 2022 — no que o índice chamou de “um agravamento significativo na letalidade dos ataques.”

As forças armadas nigerinas sofreram a maior parte das baixas relacionadas com o terrorismo (73%), o que, de acordo com o GTI, constituiu o terceiro maior número de mortes de militares no mundo em 2023.

O súbito pedido de retirada das tropas americanas pelo CNSP pode levar os EUA a reajustar a postura das suas forças de segurança na região para apoiar as nações africanas na linha da frente da luta contra o terrorismo. Os estrategas de defesa dos EUA afirmaram que pretendem fazer uma nova análise dos seus acordos de cooperação em matéria de segurança na região, como parte de uma revisão em curso, que esperam venha a produzir melhores resultados para os Estados da África Ocidental com estratégias abrangentes de combate ao terrorismo. Vários países estão agora a pôr em prática estratégias que abordam as causas profundas que levam à disseminação de organizações extremistas violentas.

A Costa do Marfim, por exemplo, investiu 137,2 milhões de dólares na luta contra o terrorismo, incluindo programas para equipar e formar unidades especiais de combate ao terrorismo e investimentos na educação, cuidados de saúde, infra-estruturas e programas de formação profissional. As Forças Armadas do Gana (GAF) implementaram uma estratégia militar para lidar eficazmente com as organizações extremistas violentas (OEV), através da adopção de abordagens não cinéticas para reforçar a resistência da sociedade e a coesão nacional. O Gana é um dos membros fundadores da Iniciativa de Acra para reforçar a cooperação multilateral e a partilha de informações entre as nações da África Ocidental.

Os especialistas há muito que defendem a combinação da assistência à segurança dos EUA com os investimentos dos países africanos em programas de mitigação das causas profundas para prevenir e derrotar o terrorismo na região.

Em Janeiro de 2024, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou 45 milhões de dólares em nova assistência às nações costeiras da África Ocidental para apoiar a luta contra o extremismo e a insegurança. Os EUA lançaram também a Lei da Fragilidade Global, um esforço de 10 anos de todo o governo para apoiar a prevenção de conflitos, a resiliência e o desenvolvimento sustentável em 10 países de todo o mundo que enfrentam o terrorismo e outras ameaças. Dos países seleccionados para parcerias, sete situam-se em África: Benin, Costa do Marfim, Gana, Guiné, Moçambique, Líbia e Togo.

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