Exercito Nigeriano Procura Soluções para a Complexa Insegurança

EQUIPA DA ADF

O Chefe do Estado-Maior da Defesa da Nigéria, General Christopher Gwabin Musa, tem boas recordações da sua infância em Sokoto.

“Quando era miúdo na Nigéria, era tudo tão pacífico,” disse à BBC durante uma entrevista em vídeo divulgada a 28 de Março. “Como oficiais subalternos, lembro-me de que viajávamos durante toda a noite, sem qualquer dano. Por isso, é um choque grosseiro o que se está a passar.”

O grande choque para todos os nigerianos é o flagelo de desafios de segurança complexos e sobrepostos em todas as regiões do país mais populoso de África — problemas que cabe a Musa resolver.

A Nigéria vê-se confrontada com uma insurgência extremista no nordeste, um aumento do banditismo em todo o país, raptos para obtenção de resgate e crimes, confrontos mortais entre agricultores e pastores na cintura central e no noroeste, roubo de petróleo na região do Delta do Níger, pirataria ao longo do Golfo da Guiné e violência separatista e de bandos no sudeste, onde a crise anglófona dos Camarões começou a alastrar-se para além da fronteira.

Apesar da agitação generalizada, Musa tem uma confiança tranquila de que as forças armadas da Nigéria identificaram as causas profundas dos múltiplos conflitos e estão a implementar soluções.

“Estamos esperançados porque temos visto passos positivos a serem dados para tentar resolver estas questões e acreditamos firmemente que, se trabalharmos juntos como uma equipa — os cidadãos, os membros das forças armadas, o governo — todos com as mãos na massa, conseguiremos ultrapassar esta situação,” afirmou.

“Todas as grandes nações têm desafios. O que importa é o que se faz com eles.”

Os nigerianos continuam a debater-se com múltiplos desafios de segurança que se sobrepõem em todo o país. AFP/GETTY IMAGES

A insurgência extremista no norte, que dura há 14 anos, causou mais de 40.000 mortos e 2 milhões de deslocados. O Boko Haram cedeu o lugar ao Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP) como grupo terrorista dominante.

“Uma facção dissidente do Boko Haram original esteve activa até 2021, altura em que a ISWAP matou o seu líder, absorveu o seu território e relegou os seus membros para ilhas remotas no Lago Chade,” informou o Council on Foreign Relations. “Desde então, a ISWAP tem vindo a controlar o nordeste da Nigéria e partes do Níger.”

Em Junho de 2021, Musa assumiu o comando da operação antiterrorista denominada Hadin Kai. A Nigéria recebeu dos Estados Unidos vários aviões de ataque Super Tucano e utilizou-os com grande eficácia para bombardear redutos terroristas e obrigar muitos deles a renderem-se ou a fugirem.

Musa também acelerou os programas de amnistia e reabilitação da Nigéria, que viram render-se mais de 47.975 terroristas e suas famílias, segundo a revista The Africa Report.

“Todos têm de dar as mãos, apoiar os membros das forças armadas e da polícia e garantir que somos capazes de derrotar estes insurgentes e terroristas,” disse Musa. “O que percebemos, especialmente no caso dos terroristas, é que eles estão a tentar conquistar os corações e as mentes das pessoas, para lhes mostrar que são uma alternativa melhor ao governo. É por isso que dizemos que, se houver uma boa governação, as pessoas comerão, serão saudáveis, terão escolas para frequentar, terão hospitais, terão boas infra-estruturas. Quando tivermos isso em vigor, isso atenuará estes desafios.”

Musa também tem um longo historial de serviço no conturbado sudeste, onde os separatistas do Biafra se agitam regularmente décadas após a guerra civil de três anos no final da década de 1960. Os refugiados da violência separatista dos Camarões complicaram a segurança em ambos os lados da fronteira porosa.

Nos últimos meses, incidentes de grande visibilidade, como a emboscada mortal contra soldados no Estado do Delta e o rapto de centenas de crianças em idade escolar em Kaduna, sublinharam a importância de medidas de segurança sólidas.

Musa acredita que a vontade e os recursos militares estão a postos e que os reforços estão a chegar. O que ele sublinha é a necessidade de unidade e colaboração.

“Muitos dos desafios que temos na Nigéria são causados pelo Homem,” afirmou. “Acredito firmemente que se nos juntarmos e dissermos: ‘Olha, isto tem de acabar.’ É possível parar e fazer as coisas correctamente.”

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