EQUIPA DA ADF
O al-Shabaab reivindicou a responsabilidade de um ataque que matou seis civis e três soldados no restaurante do Pearl Beach Hotel em Mogadíscio, na Somália, no início de Junho. O ataque, que começou com a explosão de uma bomba e terminou com tiros, também fez 20 feridos.
Os terroristas do al-Shabaab mataram cinco civis, incluindo um aluno do ensino secundário, no sudeste do Quénia, no final de Junho. Os atacantes também incendiaram casas e destruíram outros bens.
“As mulheres foram trancadas nas casas e os homens mandados sair, tendo sido amarrados com cordas e massacrados,” uma testemunha, Hassan Abdul, disse à Al-Jazeera. “Todos os mortos foram esfaqueados e alguns deles foram decapitados.”
Estes incidentes são apenas alguns dos mais recentes ataques terroristas cometidos por grupos ligados à al-Qaeda e ao grupo Estado Islâmico (IS) na África Subsaariana, que, segundo os especialistas em contraterrorismo, é actualmente o epicentro do terrorismo mundial. Segundo o Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), metade das vítimas mortais da violência terrorista no ano passado foram mortas na África Subsaariana.
O terrorismo em África foi um dos temas abordados numa recente conferência de alto nível da ONU envolvendo chefes de agências de combate ao terrorismo, incluindo os da Interpol, a agência internacional de polícia criminal; do Qatar; dos Estados Unidos; e o director sénior da Google para a inteligência estratégica.
“A África emergiu como o principal campo de batalha do terrorismo, com um grande aumento do número de grupos activos a operar no continente”, afirmou o Secretário-Geral Adjunto da ONU, Khaled Khiari, numa reportagem da Associated Press (AP).
O surgimento da al-Qaeda e do grupo Estado Islâmico foi alimentado por “fracturas” políticas, económicas e sociais locais; fronteiras porosas; e “mobilização baseada na identidade,” acrescentou Khiari.
Justin Hustwitt, coordenador dos peritos que acompanham as sanções da ONU contra a al-Qaeda e o IS, afirmou que a situação na África Ocidental está a deteriorar-se, uma vez que este último grupo “parece estar a tentar posicionar-se como um actor político” na região.
O Estado Islâmico no Grande Sahara (ISGS) explora a falta de operações antiterroristas, especialmente na zona da tríplice fronteira entre o Burquina Faso, o Mali e o Níger, disse Hustwitt na reportagem da AP, acrescentando que existem “preocupações crescentes” sobre a expansão do IS e da al-Qaeda para a República Democrática do Congo.
Sem um maior apoio internacional e cooperação regional, a violência continuará a propagar-se do Sahel para os países costeiros da África Ocidental, afirmou a Secretária-Geral Adjunta da ONU para África, Martha Pobee.
“É necessário fazer progressos decisivos na luta contra o terrorismo, o extremismo violento e o crime organizado no Sahel,” afirmou Pobee no Conselho de Segurança da ONU, em Maio.
Pobee observou que o grupo de trabalho antiterrorista que trata da segurança no Sahel está a adaptar-se a uma nova paisagem. Por exemplo, o Mali abandonou o G5 do Sahel e ordenou a retirada de todas as tropas francesas do país em 2022, depois de ter acolhido o Grupo Wagner de mercenários russos no país, no final de 2021.
A falta de consenso entre doadores e parceiros deixou a Força Conjunta do G5 do Sahel sem financiamento suficiente e sem outros apoios necessários para ajudar a estabilizar a região, disse Pobee numa reportagem da France 24.
Hassane Koné, investigador sénior do Instituto de Estudos de Segurança, defende que a cooperação militar entre os países do Sahel deve ser “construída sem a interferência de parceiros externos, cujo alcance deve ser limitado ao apoio solicitado pelos países em causa.”
“As soluções duradouras requerem um melhor financiamento das operações militares,” escreveu Koné. “Igualmente importante é a coordenação entre estas operações e as intervenções de governação e desenvolvimento para lidar com as causas profundas do extremismo violento que está a desestabilizar o Sahel.”
De acordo com as Nações Unidas, os grupos extremistas violentos procuram normalmente recrutar pessoas que se sentem injustiçadas pelas forças do Estado ou pelas milícias locais, que consideram o governo corrupto e que têm preocupações em relação à gestão das terras. As pessoas nestas zonas sentem que os litígios não são resolvidos de forma eficaz e que os sistemas judiciais dão às vítimas de crimes pouca esperança de justiça.