As Forças de Operações Especiais operam em unidades pequenas e ágeis, sob um manto de sigilo e com pouco apoio externo. Devido às suas missões de alto risco e baixo perfil, são por vezes conhecidas como “guerreiros silenciosos.”
Mas durante uma semana, num exercício em Nairobi, formaram uma verdadeira comunidade, quando os operadores das SOF de toda a África e do mundo se juntaram para partilhar conhecimentos e construir uma rede profissional. Aproximadamente 400 participantes, incluindo comandantes das SOF de 32 países africanos e 14 parceiros internacionais, reuniram-se de 8 a 11 de Dezembro no Silent Warrior 2025, a principal conferência das forças especiais do continente.
Eles foram incentivados a encontrar novas formas de trabalhar juntos e examinar desafios interligados.
“A segurança é uma responsabilidade comum,” o Tenente-General John Omenda, vice-chefe das Forças de Defesa do Quénia (KDF), disse aos participantes durante a cerimónia de abertura. “A nossa maior vantagem reside nas parcerias que construímos. Os nossos adversários estão em constante evolução e nós também temos de estar.”
Durante a semana, os participantes discutiram formas de melhorar a formação dos operadores das SOF e de aproveitar as tecnologias emergentes. A edição de 2025 do Silent Warrior foi a segunda a ser realizada em África e a primeira a incluir membros da indústria de defesa. Dezoito fornecedores exibiram a mais recente tecnologia das SOF, incluindo dispositivos portáteis para interferir os drones inimigos e sistemas para integrar dados de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR), que fornecem aos combatentes uma percepção da situação no campo de batalha em tempo real.
O Centro de Manutenção e Inovação de Sistemas de Informação e Comunicações (CISMIC) das Forças de Defesa do Quénia (KDF) mostrou como está a colocar a inovação no centro da sua missão. As KDF desenvolveram um sistema próprio para tornar compatíveis vários rádios de diferentes fabricantes e comunicar através de uma rede encriptada. As KDF conceberam e construíram o sistema utilizando materiais disponíveis localmente.
Os representantes das KDF afirmaram que a inovação já não é um luxo, mas sim uma necessidade.
“Acredito que, sem abraçar a tecnologia, ficaremos para trás,” afirmou o director do CISMIC, Coronel Stephen Kinyanjui. “Quando se inova, procura-se uma melhor forma de manter as tropas protegidas, uma melhor forma de obter informações e inteligência de uma forma que não estaria disponível antes.”
Outro tema recorrente no Silent Warrior foi que “os seres humanos são mais importantes do que o hardware.” Os participantes enfatizaram a necessidade de investir na formação da próxima geração das SOF. Eles discutiram formas de tornar o treino das SOF mais relevante para os ambientes em que operam, formas de incorporar lições aprendidas em campo e formas de atrair e reter os melhores e mais brilhantes jovens soldados numa carreira militar.
“Acima de tudo, concordámos que a força das SOF reside nas suas pessoas,” afirmou o comandante das SOF quenianas, Brigadeiro John Njeru. “A sua disciplina, o seu discernimento e a sua capacidade de agir com precisão em situações de incerteza.”
Os participantes saíram do evento com novos contactos que poderão utilizar no futuro. Alguns manifestaram interesse em estabelecer centros de excelência das SOF em todo o continente, para que a colaboração possa continuar fora das conferências ou exercícios anuais.
“O facto de nos reunirmos como SOF faz a diferença,” afirmou o Brigadeiro Gaboratanelwe Tshweneetsile, director de operações especiais do Botswana. “Fazemos amizades, fazemos contactos e sabemos o que os outros podem fazer e são capazes de fazer. Vamos operar juntos no futuro, por isso, precisamos de saber quais são as tácticas e os procedimentos em todo o continente.”
À medida que as ameaças continuam a evoluir, os líderes afirmaram que eventos como o Silent Warrior reforçam as parcerias das SOF baseadas em elevados padrões de desempenho e profissionalismo.
“Os Silent Warriors operam em áreas onde a complexidade é maior e as margens de erro são muito pequenas,” Omenda disse aos participantes. “É neste ambiente exigente que a disciplina, a integridade, o respeito pelos direitos humanos e a adesão às normas internacionais devem permanecer inabaláveis. As ferramentas podem mudar, mas o carácter permanece.”
