A segurança colectiva foi o foco principal do recente Simpósio dos Comandantes das Forças Terrestres, no qual líderes militares africanos se reuniram para construir e aprimorar soluções bilaterais e regionais para um cenário de ameaças em rápida evolução.
Comandantes da Argélia, Benin, Burquina Faso, Burundi, Chade, Gâmbia, Guiné, Quénia, Malawi, Mauritânia, Marrocos, República do Congo, Ruanda, Senegal, Somália, Sudão do Sul e Uganda estavam entre os líderes militares de 28 países africanos, juntamente com especialistas em defesa e partes interessadas de todo o mundo que participaram no evento na Intare Arena, em Kigali, nos dias 21 e 22 de Outubro.
O Brigadeiro-General Ronald Rwivanga, porta-voz da Força de Defesa do Ruanda (RDF), deu início à cerimónia de abertura com uma mensagem clara de que os países africanos são mais fortes juntos do que separados.
A colaboração com outros países fortalece as capacidades colectivas e promove a aprendizagem mútua, afirmou. A interoperabilidade entre os exércitos nacionais é fundamental para superar os desafios de coordenação.
“Isto começa por garantir a interoperabilidade em tempo de paz, através de estruturas de comando, doutrinas, procedimentos operacionais padrão e comunicação harmonizados,” afirmou. “Por vezes, é necessário que menos nações trabalhem em conjunto para responder rapidamente. Depois de termos trazido a paz, as Nações Unidas podem intervir com as suas operações e recursos de apoio à paz. Ambas as abordagens podem complementar-se.”
O Chefe do Estado-Maior do Exército do Ruanda, Major-General Vincent Nyakarundi, usou o exemplo da República Centro-Africana para explicar os benefícios da colaboração bilateral e multilateral em matéria de segurança.
“[Os parceiros] partilham um entendimento comum claro dos objectivos da missão, que são restaurar a paz, estabelecer a autoridade do Estado e proteger os civis,” disse num dos quatro painéis de discussão do simpósio.
“Este alinhamento promoveu a confiança mútua e a responsabilização, bem como a coesão entre as forças. A visão comum foi reforçada através de estruturas de comando conjuntas, reuniões de coordenação regulares e planeamento operacional integrado. Esta unidade de objectivos simplificou a comunicação e aumentou a eficácia geral da operação.”
O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, expressou optimismo quanto ao futuro das operações de segurança colectiva com os países africanos a trabalharem em conjunto para enfrentar os complexos desafios de segurança do continente.
“África ainda enfrenta o maior número de conflitos activos no mundo,” disse. “Lidar com essa realidade requer parcerias continentais fortes e mecanismos de coordenação. Não podemos esperar que outros assumam a responsabilidade pela segurança de África. Nenhum dos desafios que enfrentamos está além da nossa capacidade de gerir ou resolver.”
Outros painéis de discussão abordaram os desafios operacionais para as forças terrestres numa nova era de guerra com drones, formas de melhorar a interoperabilidade e a diplomacia militar e como promover a cooperação civil-militar por meio de programas de aproximação aos cidadãos.
“Assim como se gasta com armas, também se deve gastar com o bem-estar social para conquistar a confiança da população local,” disse Rwivanga. “É inútil operar apenas com a abordagem militar. Temos de trabalhar na situação pós-conflito, que proporciona resultados de estabilidade a longo prazo.”
O Ministro da Defesa do Ruanda, Juvenal Marizamunda, encerrou o simpósio exortando os líderes africanos a assumirem a responsabilidade e a reforçarem a cooperação na resolução dos complexos desafios de segurança que impedem o desenvolvimento do continente.
“Operamos num ambiente cada vez mais complexo e imprevisível, marcado por conflitos assimétricos, ameaças transnacionais e crises que exigem acções decisivas,” afirmou. “Em tempos como estes, o papel vital das forças terrestres não pode ser subestimado. Elas são as primeiras a responder em tempos de crise, a força estabilizadora durante a turbulência e a base sobre a qual a paz é reconstruída.”
