Após as tropas sul-africanas se retirarem das missões de manutenção da paz na República Democrática do Congo (RDC), deixaram para trás cinco helicópteros de transporte Oryx. Os helicópteros ainda estão lá, sem prazo para serem devolvidos à África do Sul.
Em Agosto, as autoridades da Força Nacional de Defesa da África do Sul (SANDF) contestaram relatos de que os helicópteros tinham sido abandonados na RDC após as tropas se retirarem da Missão de Estabilização das Nações Unidas na RDC (MONUSCO) e da missão da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral no leste da RDC (SAMIDRC).
Quatro dos helicópteros estão imobilizados em Lubumbashi, no sul da RDC, enquanto o quinto permanece no aeroporto de Goma, que está sob o controlo dos rebeldes do M23. O helicóptero de Goma foi atingido mais de 40 vezes durante uma evacuação médica no ano passado. O ataque feriu o comandante e um médico e também danificou gravemente a aeronave.
“Os outros helicópteros [de Lubumbashi] estão operacionais e permanecem sob o controlo rigoroso da SANDF,” lê-se no comunicado militar.
Os responsáveis da SANDF disseram a Janes que não há data para o regresso das aeronaves à África do Sul, mas acrescentaram que “estamos a trabalhar nisso.”
A controvérsia sobre o destino dos cinco helicópteros Oryx reflecte a incerteza sobre o futuro da SANDF e o seu apoio às missões de manutenção da paz. Anos de cortes orçamentais continuam a prejudicar a capacidade da África do Sul de projectar o seu poder para além das suas fronteiras e manter infra-estruturas cruciais.
“O envolvimento da África do Sul na MONUSCO e na SAMIDRC é um reflexo do seu compromisso com a manutenção da paz, mas as limitações da SANDF têm dificultado o cumprimento eficaz desta missão,” o analista Nco Dube escreveu num comentário da IOL no início deste ano.
O orçamento de 3,26 bilhões de dólares da SANDF para o ano fiscal de 2025-26 é cerca de 60% do que os líderes militares dizem ser necessário para manter uma força eficaz. Dos fundos alocados, 65% são destinados a salários. Pouco mais de 17 milhões de dólares foram reservados para “manutenção diária e reparações de emergência.”
A Ministra da Defesa, Angie Motshekga, afirmou que as restrições orçamentais criaram problemas logísticos que dificultaram a retirada da RDC. No início deste ano, os analistas observaram que a falta de apoio aéreo contribuiu para a morte de 13 soldados da SANDF emboscados pelo M23 durante a missão.
O plano de desempenho anual do Departamento de Defesa para 2025-26 contém uma série de défices financeiros em todas as forças armadas, incluindo 51,4% para a defesa aérea, 61,7% para as capacidades marítimas e 52% para as operações terrestres.
De acordo com relatos, em meados de 2025, cerca de 85% das aeronaves da Força Aérea estavam fora de serviço. O exército sul-africano depende de equipamentos antigos que datam da era do apartheid. Problemas de manutenção limitaram a pequena frota de fragatas e submarinos da Marinha a patrulhar apenas as águas costeiras da África do Sul. O treino foi reduzido.
Motshekga disse aos líderes políticos no início deste ano que os cortes orçamentários também levaram à perda de técnicos qualificados na Denel, a empresa estatal de defesa que faz a manutenção dos veículos da SANDF.
“Tornou-se difícil manter a especialização e planear a sucessão devido ao subfinanciamento crónico,” afirmou.