À medida que os grupos terroristas se tornam mais sofisticados e continuam a expandir-se para além do Sahel, os países da África Ocidental estão a perceber que é mais importante do que nunca estarem unidos e organizados para se defenderem.
A crescente ameaça da al-Qaeda e de grupos afiliados ao Estado Islâmico pairou sobre a Conferência de Logística da África Ocidental de 2025, co-organizada pelo Comando dos Estados Unidos para África (AFRICOM) e pelas Forças Armadas da Libéria (AFL) na capital, Monróvia, de 5 a 8 de Agosto.
Mais de 90 participantes de 22 países e organizações estiveram presentes, incluindo a maioria dos países da África Ocidental e representantes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Pela primeira vez, a conferência convidou países parceiros fora da região, incluindo Botswana, Quénia, Marrocos e Tunísia.
“Esta conferência não poderia ter ocorrido em melhor altura do que hoje,” o Chefe do Estado-Maior da AFL, Major-General Davidson Forleh, disse na cerimónia de abertura. “O inimigo comum que todos enfrentamos hoje no mundo é o terrorismo. Nenhum país pode combater o terrorismo sozinho. É preciso haver união. É preciso haver uma sinergia de esforços.”
A Ministra da Defesa da Libéria, Brigadeira-General Geraldine George, considerou a conferência uma “plataforma fundamental” para fortalecer a cooperação dentro da CEDEAO.
“Este encontro reforça o nosso compromisso colectivo de melhorar a segurança regional, aumentar a interoperabilidade e optimizar a logística entre as nossas forças armadas,” disse ao Front Page Africa. “Numa época de ameaças à segurança em evolução — do terrorismo transnacional às crises humanitárias — a logística continua a ser a espinha dorsal de uma resposta militar eficaz.”
A conferência contou com painéis de discussão, fóruns liderados por parceiros e trocas práticas de melhores práticas e lições aprendidas. Os tópicos incluíram planeamento e coordenação logística regional, sistemas de transporte de defesa, interoperabilidade entre a CEDEAO e países parceiros, resiliência e sustentabilidade da cadeia de abastecimento, resposta a crises, logística humanitária e parcerias público-privadas.
A principal preocupação da logística militar é como obter, armazenar, transportar e descartar material em todo o continente. Os responsáveis pela logística são responsáveis por uma grande variedade de suprimentos. Eles supervisionam a construção e a manutenção das instalações. Alimentam, equipam, movimentam e armam os seus soldados.
“Estamos aqui para garantir que todos nós contribuamos com a nossa experiência em logística,” disse Forleh. “Sem logística, não se ganha uma batalha.
“Esta conferência é muito importante, porque nos levará a outro nível. Não se trata de benefícios em centavos e dólares. Trata-se de desenvolver a capacidade, os recursos humanos, porque é aqui onde partilhamos experiências.”
Durante o evento, o AFRICOM expandiu o uso do seu African Mission Partners Environment, um fórum virtual para hospedar informações partilháveis essenciais para a construção de redes logísticas.
A equipa de logística do AFRICOM também liderou uma discussão sobre o Modelo de Avaliação Operacional de Avaliar, Aconselhar, Defender e Integrar, chamado A3I. O modelo recebe dados logísticos auto-reportados por parceiros africanos, tais como nós de abastecimento, pontos de abastecimento de combustível e pistas de aterragem.
O objectivo é construir uma avaliação completa dos pontos fortes e das lacunas regionais em termos de capacidade, com metas específicas, mensuráveis e alcançáveis, de acordo com o Tenente-Coronel Saimo Kortu, Chefe-Adjunto do Estado-Maior para a Logística da AFL.
“Estamos a aperfeiçoar o produto para mapear completamente todas as nossas capacidades, identificar lacunas e pensar em como essas lacunas podem ser preenchidas,” disse ele sobre o A3I. “É uma ferramenta muito útil que vai ajudar a melhorar a nossa capacidade.”
Após edições bem-sucedidas da conferência na Costa do Marfim em 2023 e nos Camarões em 2024, o director de logística do AFRICOM, Brigadeiro George Dietrich, da Força Aérea, elogiou o país anfitrião deste ano e todos os participantes por trabalharem “para construir uma base sólida de logística, melhorá-la e aumentar a segurança da região.”
“As duas últimas conferências foram eventos fantásticos, cada uma delas levando-nos significativamente adiante nos nossos esforços,” frisou. “Esses eventos ajudam-nos a compreender os nossos pontos fortes e os nossos desafios comuns e a elaborar soluções quantificáveis, mensuráveis e objectivas para esses desafios.”