O exercício deste ano, com duração de duas semanas, que terminou no dia 16 de Maio, incluiu treino de visita, abordagem, busca e apreensão no Senegal, onde os participantes superaram as barreiras linguísticas para concluir as tarefas. Os marinheiros da Gâmbia foram elogiados pelas suas competências de comunicação depois de terem actuado como intérpretes de Inglês, Francês e Português enquanto os participantes praticavam entradas tácticas em navios e aprendiam procedimentos de busca e manuseamento de provas. O suboficial Mass Jallow, da Marinha da Gâmbia, disse que o exercício foi construtivo para a sua equipa.
“Viemos de países diferentes, com formações diferentes,” disse Jallow. “Partilhar técnicas e experiências dá-nos ideias mais sólidas para levar para casa.”
Os exercícios de abordagem testaram a coordenação entre os centros de operações marítimas, que ajudam a coordenar respostas conjuntas a ameaças marítimas.
“O Senegal foi o local certo para isso,” disse Jallow. “Eles têm tudo o que é necessário para tornar este treino eficaz.”
Cabo Verde acolheu o exercício, que se estendeu por cinco zonas marítimas, de Angola ao Senegal. A Sexta Frota dos Estados Unidos liderou o exercício, com o apoio do Comando dos EUA para África.
Duarante o exercício, as forças armadas mobilizaram mais de 30 navios, várias aeronaves e 21 Centros de Operações Marítimas para realizar o treino em tempo real, com foco na velocidade, coordenação e responsabilidade partilhada. O exercício apoia o Código de Conduta de Yaoundé, que desempenha um papel cada vez mais importante na manutenção da consciência situacional e no combate ao crime marítimo no Golfo da Guiné, um dos pontos mais críticos do mundo em termos de pirataria, pesca ilegal, tráfico de drogas e outros crimes marítimos.
Os participantes do exercício também praticaram o uso do SeaVision, uma ferramenta de conscientização do domínio marítimo que permite aos utilizadores rastrear embarcações comerciais em todo o mundo com dados de transponders do sistema de identificação automática (AIS). O SeaVision ajuda os países a partilhar informações e inteligência marítimas, melhorar as capacidades operacionais e detectar embarcações que não transmitem um sinal AIS, o que muitas vezes é um sinal de actividade ilegal. Cerca de 25 países africanos utilizam a ferramenta.
O exercício incluiu um exercício de seis dias sobre o Estado de direito que visava melhorar a interoperabilidade na abordagem de embarcações, na recolha de provas, na construção de casos e na acusação. Cada país participante enviou um representante legal e operadores marítimos. O simpósio contou com vários exercícios simulados e um julgamento simulado, onde os operadores marítimos testemunharam sobre as suas descobertas. Os participantes também falaram sobre as suas respectivas preocupações marítimas.
“Estamos a falar de imigração ilegal, pesca ilegal, pesca não declarada e também tráfico de drogas, que são ameaças às nossas águas,” o Capitão Francisco Moreira, director de operações da Guarda Costeira de Cabo Verde, disse num comunicado de imprensa. “Cabo Verde também convidou todas as agências nacionais que trabalham juntas nessas operações. Acho que, a partir de agora, estaremos mais bem preparados para as nossas missões.”
Segundo Moreira, a formação oferecida à sua equipa proporcionou-lhe conhecimentos tangíveis para ajudar a enfrentar as ameaças cabo-verdianas.
“Estaremos mais bem equipados em termos de conhecimentos, em termos de ideias e, claro, iremos pô-los em prática,” afirmou Moreira. “Devido à nossa situação geoestratégica, temos de o fazer.”
Os países africanos que participaram no exercício foram: Angola, Benin, Cabo Verde, Camarões, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné-Bissau, Libéria, Marrocos, Namíbia, Nigéria, República do Congo, São Tomé e Príncipe, Senegal, Serra Leoa e Togo.