A Autoridade de Gestão de Fronteiras da África do Sul lançou uma nova iniciativa de alta tecnologia com o objectivo de reforçar a segurança nas fronteiras e combater o comércio ilícito, que custa milhões de dólares ao país todos os anos.
O Ministro do Interior, Leon Schreiber, anunciou recentemente a nova medida de segurança, que inclui o uso de quatro drones do tipo quadricóptero para monitorar portos de entrada e áreas da fronteira conhecidas por travessias ilegais.
Os drones podem operar de dia e de noite. As suas câmaras podem rastrear alvos a 2 quilómetros de distância, e as câmaras infravermelhas podem detectar o calor de pessoas que atravessam à noite. A inteligência artificial (IA) ajuda a identificar e rastrear objectos. Um telémetro a laser calcula a distância de um alvo e identifica a sua localização.
“Esta é uma revolução na gestão das fronteiras,” Schreiber disse numa conferência de imprensa antes do lançamento do programa, no dia 15 de Abril. “Estes drones levantam voo em 15 segundos. Se houver qualquer indício de que são necessários ou de que existe alguma perturbação, eles estarão no ar imediatamente.”
O pacote tecnológico também inclui 40 câmaras corporais para os agentes de fronteira. As câmaras gravam as interacções com suspeitos de travessia ilegal da fronteira e fornecem uma forma de localizar e resgatar os agentes se estes se depararem com problemas. O objectivo da nova tecnologia é reduzir as travessias ilegais ao longo da porosa fronteira terrestre de 4.470 quilómetros da África do Sul e o comércio ilícito que estas acarretam. A África do Sul faz fronteira com Botswana, eSwatini, Lesoto, Moçambique, Namíbia e Zimbabwe.
De acordo com a Aliança Transnacional de Combate ao Comércio Ilícito, a África do Sul ocupa o quarto lugar no continente em contrabando transfronteiriço de bens e materiais, atrás de Tunísia, Maurícias e Marrocos.
Os investigadores da aliança elogiaram as autoridades sul-africanas por aumentarem os despesas com segurança nas fronteiras e expandirem a cooperação entre agências, mas observaram que “o progresso continua desigual e difícil de sustentar.”
“O comércio ilícito não é apenas uma questão criminal ou da fiscalização da lei — é uma ameaça sistémica com implicações económicas, fiscais e de governação de longo alcance,” acrescentaram.
O comércio ilícito na África do Sul envolve milhões de dólares em álcool, tabaco, alimentos, produtos farmacêuticos, produtos químicos agrícolas, produtos falsificados, mineração e tráfico de animais selvagens. Só o álcool e o tabaco ilícitos representam 1,6 bilhões de dólares por ano, ou cerca de um terço do comércio ilegal total.
Segundo algumas estimativas, o comércio transfronteiriço ilícito equivale a 10% do produto interno bruto da África do Sul.
“Quando se conversar com as pessoas da indústria do tabaco no país, elas dizem como o tabaco ilícito está, de certa forma, a desactivar os seus negócios legais,” o comissário da autoridade de fronteira Michael Masiapato disse recentemente ao Newzroom Afrika. “Portanto, este é um assunto muito sério.”
O governo aproveitou o feriado da Páscoa, um período em que o tráfego nas fronteiras aumenta, para colocar o novo sistema em funcionamento.
Além de detectar pessoas que atravessam a fronteira ilegalmente, os drones serão usados para identificar e prender motoristas de táxi e outras pessoas que facilitam as travessias ilegais, disse Masiapato. Os drones ajudam os agentes de fronteira a localizar com precisão os pontos de travessia ilegal no momento em que ocorrem.
“Então, torna-se uma actividade direccionada, através da qual eles podem ir directamente ao local onde essas pessoas estão a entrar ilegalmente no país e interceptá-las,” acrescentou.
A autoridade fronteiriça testou o conceito de utilização de drones na segurança durante outro período de tráfego intenso no final de 2024. Masiapato disse que a sua agência interceptou 58.000 pessoas que atravessavam ilegalmente a fronteira durante esse período.
Os funcionários realizaram esse teste utilizando drones pertencentes ao Ministério da Agricultura. No âmbito do novo programa, o Ministério da Agricultura partilhará os seus cinco drones com a autoridade, conforme necessário.
Masiapato disse que a adição da tecnologia de drones ajudará a autoridade a melhorar a segurança nas fronteiras, apesar da falta de orçamento e pessoal.
“Os desafios financeiros que temos na área de aplicação da lei são muito problemáticos,” Masiapato disse ao Newzroom Afrika. “E é por isso que a vulnerabilidade continua.”