O Estado autónomo de Puntlândia intensificou a sua campanha militar contra o grupo Estado Islâmico, que está entrincheirado na cordilheira de Cal Miskaad, nas montanhas de Golis, no nordeste da Somália.
Após meses de preparativos, as forças de segurança de Puntlândia lançaram recentemente a Operação Relâmpago, uma ofensiva destinada a desmantelar a estrutura de comando do EI-Somália.
No entanto, os riscos aumentaram desde que a Equipa de Monitorização das Sanções das Nações Unidas informou, em Fevereiro, que existe uma “confiança crescente” de que o líder do EI-Somália, Abdulqadir Mumin, também dirige as operações globais do grupo terrorista como seu líder ou “califa.”
Relatórios anteriores dos serviços secretos da ONU sugeriam que Mumin tinha sido nomeado para liderar a direcção geral das províncias do EI, controlando as filiais africanas do grupo. Mas agora, segundo avaliações de vários Estados-membros da ONU, o EI está a deslocar figuras-chave para fora do Iraque e da Síria.
“Pode significar uma viragem deliberada para uma estrutura operacional mais descentralizada, mais afastada da zona central do conflito,” diz o relatório. O EI-Somália está entrincheirado em Buur Dhexaad, que a equipa de controlo das sanções da ONU descreveu como “uma base estratégica protegida por grutas naturais e estruturas defensivas a salvo de ofensivas aéreas e terrestres.”
No dia 1 de Fevereiro, os ataques aéreos das forças armadas dos Estados Unidos visaram muitos desses complexos de cavernas e mataram vários comandantes de alto nível do EI, incluindo Ahmed Maeleninine, que foi identificado como um dos principais financiadores e recrutadores responsáveis pela direcção de movimentos militantes para os EUA e a Europa.
A Puntlândia afirma que as suas forças armadas mataram mais de 200 militantes do EI, incluindo dezenas de combatentes estrangeiros, desde o início da Operação Relâmpago. O Ministro da Informação, Mohammed Aided, disse que as forças de segurança capturaram 50 bases e 250 quilómetros quadrados de território do EI desde a ofensiva lançada no dia 31 de Dezembro.
“Esta é uma guerra internacional contra o terrorismo,” disse à Reuters. “Solicitamos à comunidade internacional que nos forneça peritos, equipamento, minas antipessoal e instalações anti-drone que possam bloquear os drones dos terroristas. É uma guerra difícil.”
Alimentado por um afluxo de combatentes estrangeiros, o ramo somali do EI tornou-se significativamente mais influente sob o comando de Mumin, um antigo militante do al-Shabaab, filial da al-Qaeda, que se tornou proeminente há quase duas décadas durante a guerra civil da Somália. A ONU informou que a rápida ascensão do EI-Somália está a dar sinais de abrandamento e está a ter “dificuldades em integrar os combatentes em estruturas estreitas baseadas em clãs, barreiras culturais e a gravidade das condições, o que leva a deserções sustentadas.”
Segundo a ONU, o EI-Somália também “utilizou veículos aéreos não tripulados para reconhecimento e para o lançamento limitado de explosivos,” com o objectivo de “construir veículos aéreos não tripulados suicidas.”
No dia 3 de Fevereiro, Abdirahman Shirwac, que liderava a equipa de assassinos do EI-Somália, rendeu-se ao pessoal de segurança na zona de Unuun, perto da cidade costeira de Qandala. O chefe da polícia da região de Bari, em Puntlândia, Abdikadir Jama Dirir, disse que o homem conhecido como “Laahoor” também liderou os esforços para extorquir empresas locais para o grupo terrorista.
“Trata-se de um golpe crítico para as suas operações,” disse, de acordo com a Shabelle Media Network.
No dia 4 de Fevereiro, as forças de Puntlândia atacaram um dos três bastiões do EI que restavam e mataram pelo menos 24 combatentes estrangeiros na zona de Dharin, a 17 quilómetros de Turmasaale.
“As forças antiterroristas de Puntlândia estão a conduzir uma operação [a 5 de Fevereiro] na área entre Qurac e Dharin, bem como nas áreas circundantes de Togjaceel,” o Exército afirmou num comunicado. “As forças já tomaram o controlo de várias bases pela força. Muitos terroristas estrangeiros do ISIS foram mortos.”
Abdi Hassan Hussein, ex-chefe da polícia de Puntlândia e ex-chefe da agência de informações da região, disse que a Operação Relâmpago é fundamental para a segurança na Somália e no Corno de África, mas que os combates podem durar muito tempo.
“É difícil prever os danos que podem ser causados,” disse à Voz da América. “E é verdade que a zona a combater é muito difícil em termos de tráfego, obrigando as tropas a fazer infantaria ou guerrilha, o que pode prolongar a guerra.”