Djibouti tornou-se o primeiro país da África Oriental, e o segundo do continente, a libertar mosquitos geneticamente modificados na luta contínua contra a malária.
Foi a libertação piloto de mosquitos Anopheles stephensi “amigáveis”, organizada através de uma parceria público-privada entre o governo e a Oxitec, uma empresa norte-americana que desenvolve soluções biológicas para o controlo de pragas que causam doenças. A Oxitec tem a sua sede no Reino Unido.
O esforço tem por objectivo travar o mosquito invasor, responsável por um aumento dramático da malária na capital do Djibouti, que passou de uma situação de quase erradicação em 2012 para mais de 73.000 casos em 2020.
Dezenas de milhares de mosquitos machos geneticamente modificados foram libertos no Djibouti, num esforço para impedir a propagação de uma espécie invasora que transmite a malária. Os mosquitos são portadores de um gene que mata as crias fêmeas antes de estas atingirem a maturidade, segundo a BBC. Apenas os mosquitos fêmeas picam e transmitem a malária e outras doenças.
“Construímos bons mosquitos que não picam, que não transmitem doenças”, Grey Frandsen, director da Oxitec, disse à BBC. “E quando libertamos estes mosquitos amigáveis, eles procuram e acasalam com mosquitos fêmeas do tipo selvagem.”
Os mosquitos invasores Anopheles stephensi são originários da Ásia e são conhecidos como mosquitos urbanos. São difíceis de controlar porque picam de dia e de noite e são resistentes aos insecticidas, noticiou a BBC. Também foram encontrados na Etiópia, no Gana, no Quénia, na Nigéria, na Somália e no Sudão.
“O objectivo do nosso governo é inverter urgentemente a transmissão da malária no Djibouti, que aumentou na última década”, o Coronel Dr. Abdoulilah Ahmed Abdi, conselheiro de saúde do presidente do Djibouti, disse num comunicado de imprensa da Oxitec. “O lançamento de hoje é um marco nacional significativo, mas o que é ainda mais emocionante é o potencial que a solução tem para a região e todo o continente africano.”
O programa resulta de uma parceria entre o Programa Nacional de Controlo da Malária do Djibouti, a Associação Mutualis, uma organização de saúde pública sem fins lucrativos, e a Oxitec.