EQUIPA DA ADF
No início de Janeiro, o Gana reforçou as suas capacidades de segurança marítima ao colocar em funcionamento uma base operacional avançada em Ezinlibo, na região ocidental, e ao receber um navio de fabrico japonês na Base Naval de Sekondi.
A base operacional avançada (FOB) de Ezinlibo é actualmente a maior estação naval do país e deverá fornecer apoio logístico e alojamento para o pessoal, apoiando simultaneamente os esforços da Marinha do Gana para combater a pesca ilegal, a pirataria e outras ameaças à segurança no Golfo da Guiné. A base de Ezinlibo junta-se a uma rede de FOB em todo o país, incluindo as de Bui, Kenyase e Sankore. Estão previstos novos projectos para Ada, Elmina, Keta e Winneba.
A Marinha do Gana disse que o navio, GNS Achimota, é o seu maior navio com 65 metros de comprimento. O então Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, afirmou que estes novos activos ajudarão a promover a paz e a estabilidade na região.
“O GNS Achimota é um símbolo poderoso de quão longe a nossa Marinha chegou nos seus 65 anos de serviço,” Akufo-Addo disse numa publicação no Facebook. “Como afirmei durante a cerimónia, ‘o GNS Achimota representa a evolução da nossa Marinha e um marco de resiliência, serviço e crescimento.’ Este navio, juntamente com mais de 20 outras plataformas modernas adquiridas durante a minha administração, reflecte a nossa dedicação inabalável em fazer do Gana uma potência marítima na região.”
A Kurinoura Shipbuilding construiu o Achimota no Japão em 1999. É movido por uma hélice de passo fixo e um motor a diesel e possui sistemas avançados de navegação, comunicação e vigilância, informou o The Defense Post. Pode acolher 1.000 marinheiros e servirá também de plataforma de formação para o pessoal militar. O Gana também espera a entrega de dois barcos de patrulha offshore para ajudar a proteger as infra-estruturas de petróleo e gás offshore do país, informou a Military Africa.
“O GNS Achimota não é apenas um navio, mas é um farol de esperança,” o Chefe do Estado-Maior da Marinha do Gana, Contra-Almirante Issah Adam Yakubu, disse na cerimónia de 21 de Dezembro que assinalou a chegada do navio.
A pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN), praticada maioritariamente por grandes arrastões industriais chineses, tem atormentado o Gana e outros países da África Ocidental durante décadas. Esta prática dizima as unidades populacionais de peixe e faz subir o preço dos produtos do mar. No Gana, as populações de pequenos peixes pelágicos, como a sardinha, diminuíram 80% nas últimas duas décadas, de acordo com a Fundação para a Justiça Ambiental. Uma espécie, a sardinella aurita, está completamente esgotada.
O pescador artesanal ganês, Ishmael Aryee, disse que os arrastões chineses utilizam redes com malhas mais pequenas do que as permitidas, que podem apanhar muito mais peixe do que as canoas locais.
“Há muitos anos, quando me juntei ao meu pai no negócio da pesca, não se vinha às costas de Prampram sem se conseguir peixe fresco de todos os tipos,” Aryee disse à Coligação para Acordos de Pesca Justos. “Capturávamos e apanhávamos grandes quantidades de peixe diariamente. Hoje em dia, as coisas mudaram e já não as apanhamos porque os arrastões chineses usam artes de pesca não autorizadas para arrastar as profundezas do mar e levar tudo para os seus navios para vender.”
A África Ocidental é actualmente considerada o epicentro mundial da pesca INN, onde os governos locais estão a perder cerca de 10 bilhões de dólares por ano, de acordo com o Centro Stimson.
A região também emergiu como um foco da pirataria. Foram registados 18 incidentes no Golfo da Guiné em 2024, em comparação com 22 em 2023, 19 em 2022, 35 em 2021 e 81 em 2020. No entanto, os membros da tripulação continuam a estar em risco, sendo a região responsável por todas as 12 tripulações raptadas e 23% do número total de tripulações feitas reféns em 2024, de acordo com o Gabinete Marítimo Internacional.