EQUIPA DA ADF
As forças de segurança da região de Puntlândia, na Somália, destruíram recentemente várias bases operacionais do Estado Islâmico (EI-Somália) nas montanhas de Cal Miskaad, no extremo norte do país.
As montanhas tornaram-se um refúgio para o EI-Somália e um íman para os combatentes estrangeiros que se deslocam para a Somália a partir dos países africanos vizinhos e do Médio Oriente através do Golfo de Áden. As forças de segurança encontraram um passaporte saudita entre os objectos capturados na rusga, de acordo com a Agência Nacional de Notícias da Somália.
Os ataques na região de Cal Miskaad fazem parte de uma estratégia mais alargada das autoridades da Puntlândia para envolver os clãs étnicos da região na luta contra o EI-Somália. As autoridades pediram ajuda especificamente aos clãs que vivem perto das montanhas Cal Miskaad.
“A luta não pode ser ganha apenas pelas forças de segurança,” o primeiro vice-presidente do parlamento da Puntlândia, Mohamed Bari Shire, disse num comunicado. “Precisamos da coragem e da cooperação das pessoas para proteger as nossas comunidades.”
O EI-Somália encontra-se activo na Puntlândia desde 2015, quando um grupo de combatentes do al-Shabaab se separou e trocou a aliança com a al-Qaeda pelo grupo Estado Islâmico. Nos anos que se seguiram, o EI-Somália tem-se dedicado a assassinatos e atentados bombistas na Puntlândia.
Bari está a liderar a campanha para controlar o EI-Somália depois de o grupo terrorista ter atacado uma base das forças antiterroristas da Puntlândia em Dharjaale, no dia 31 de Dezembro.
O ataque das 4 da manhã incluiu dois veículos-bomba e quatro combatentes com coletes-bomba. Mais de 20 soldados morreram nos combates antes de as forças de segurança terem conseguido repelir o ataque. Uma dúzia de terroristas morreram.
No dia seguinte, em comunicado, o EI-Somália afirmou que os 12 terroristas mortos eram provenientes de sete países: Argélia, Etiópia, Líbia, Marrocos, Tanzânia, Tunísia e Iémen. A composição cada vez mais internacional do EI-Somália aumenta o risco de o grupo promover ataques para além da Puntlândia, segundo o analista Liam Kerr, do Instituto para o Estudo da Guerra.
A localização de Puntlândia e a sua paisagem acidentada fazem dela um campo de batalha fundamental para o EI-Somália, que tem reforçado as suas fileiras com combatentes estrangeiros e receitas de extorsão, segundo os especialistas. Ao longo do último ano, o EI-Somália assumiu em grande medida o controlo da região de Cal Miskaad, facto que as autoridades somalis confirmaram ao The Somali Digest em Abril de 2024. Segundo o The Somali Digest, o governo de Puntlândia mantém a autoridade sobre as comunidades dispersas e as estradas da região pouco povoada. Tanto o al-Shabaab como o EI-Somália infiltraram-se na região a pé para evitar as forças de segurança.
As autoridades da Puntlândia acreditam que o EI-Somália é constituído por 200 a 300 combatentes. A maior parte dos combatentes provém da vizinha Etiópia, sendo os restantes provenientes de outros países.
Ao envolver os clãs da Puntlândia na perseguição dos combatentes do EI-Somália, as autoridades podem evitar os erros que permitiram que os bombistas suicidas de Dharjaale passassem por várias comunidades entre Cal Miskaad e a base militar sem darem o alerta.
As autoridades da Puntlândia consideram este acontecimento como uma falha importante do seu sistema de informações. Embora os residentes locais se sintam intimidados pelos combatentes do EI-Somália, os líderes da Puntlândia vêem esses mesmos residentes como uma componente fundamental para seguir os movimentos dos terroristas nos vastos espaços abertos da região.
O Presidente da Puntlândia, Said Abdullahi Deni, anunciou recentemente a Operação Hillaac, uma campanha antiterrorista em grande escala para erradicar os esconderijos de militantes no terreno montanhoso da Puntlândia.
A operação é inteiramente planeada e executada pelas autoridades da Puntlândia. Envolve as Forças de Defesa da Puntlândia, a Força de Polícia Marítima da Puntlândia e a Polícia Antiterrorista.
“Esta é uma luta pela sobrevivência e estabilidade da Puntlândia e da Somália,” Deni disse num comunicado.