‘Somos os Guardiões Uns dos Outros’

O Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, discursou na 12.ª Cimeira das Forças Terrestres Africanas em Livingstone, Zâmbia, no dia 24 de Abril de 2024. O tema da conferência foi “Soluções regionais para problemas transnacionais.” Hichilema foi o primeiro chefe de Estado a discursar na cimeira desde a sua primeira edição em 2010. Os seus comentários foram editados por questões de extensão e clareza.

Queremos expressar a esta distinta reunião de comandantes a nossa satisfação pelo facto de mais de 38 países africanos se reunirem aqui no nosso país nos dias em que aqui estivemos. Permitam-me também manifestar a nossa satisfação pela escolha do tema “Soluções regionais para problemas transnacionais.” 

Este é um tema extremamente apropriado, tendo em conta os desafios que todos estamos a atravessar no nosso continente e não só. 

Na qualidade de presidente do Órgão de Política, Defesa e Segurança da nossa comunidade económica regional denominada SADC, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, estamos extremamente activos, trabalhando com outros Estados-membros para garantir a estabilidade da nossa região. E compreendemos a importância de manter a SADC estável para não contribuirmos para a instabilidade noutras partes de África e, invariavelmente, no mundo.

Permitam-me afirmar claramente que esta reunião constitui uma oportunidade valiosa para partilhar as melhores práticas sobre a forma como podemos promover colectivamente a paz nas nossas várias regiões. Isso é extremamente importante porque, por vezes, se não tivermos problemas no nosso país, começamos a sentir que a nossa responsabilidade termina aí. De modo nenhum. Somos os guardiões uns dos outros, nos nossos países, nos nossos blocos regionais, no nosso continente e na nossa comunidade global.

A experiência mostra-nos que, se fecharmos os olhos ao que se passa noutros locais, estamos a comportar-nos como avestruzes, enfiando a cabeça na areia e pensando que todo o corpo está seguro. Não devemos comportar-nos como avestruzes.

Precisamos de uma África estável. É essa a nossa declaração. E esta cimeira não pode proporcionar melhor oportunidade ou plataforma para trocarem notas. Por isso, declaramos, enquanto líderes, que estamos empenhados em melhorar a vida do nosso povo. Sabemos também que não podemos alcançar este objectivo sem manter a paz, a segurança e a estabilidade. É aí onde todos entramos. É essa a vossa principal responsabilidade enquanto pessoas sentadas nesta sala, trabalhando com os restantes cidadãos deste continente e de outros continentes.

E, como sabem, não podemos trabalhar como ilhas. Trabalhamos em uníssono com os outros, nesta nossa comunidade global. O nosso apelo à acção é que exortemos todos a contribuírem para assegurar um continente estável que mantenha uma paz duradoura, segurança e estabilidade para facilitar o crescimento económico mínimo.

A comunidade internacional deve fornecer ou trabalhar connosco no continente em três domínios. O primeiro é a partilha de informações. O segundo é a partilha de capacidades, incluindo o terceiro, que é a tecnologia. Penso que, no ambiente actual, as aplicações tecnológicas são muito importantes, porque também podemos reduzir a colocação desnecessária dos nossos homens e mulheres em perigo quando somos capazes de aplicar a tecnologia ao que estamos a fazer para manter a paz, a estabilidade e a segurança.

A solidariedade africana é muito importante. Queremos afirmar que, fiel ao espírito africano, um bom vizinho não pode ficar passivo quando a casa do outro está a arder. Dada a natureza das nossas aldeias, porque o seu telhado está quase a tocar no telhado do vizinho, se não ajudar o vizinho a apagar o fogo, o fogo estender-se-á a si. Com efeito, a minha afirmação — e congratulo-me com o facto de ser repetida — confirma o que venho dizendo há anos: que instabilidade em algum lugar é instabilidade em todo o lado.

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