Nigerinos Debatem-se Após um Ano de Regime Militar

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EQUIPA DA ADF

O dia 26 de Julho marcou um ano desde que os militares do Níger derrubaram o governo democraticamente eleito do país. Na altura, os líderes da junta prometeram melhorar a segurança e a economia, questões com que os nigerinos se continuam a debater actualmente.

Moussa Moumouni, que foi conselheiro de segurança do presidente deposto Mohamed Bazoum, referiu recentemente que 57 soldados nigerinos foram mortos durante os dois anos e quatro meses de mandato do anterior governo.

Desde o golpe de Estado, o Níger perdeu 780 agentes de segurança num ano, disse.

“Em termos de segurança, a situação piorou,” disse à Deutsche Welle. “Só Deus sabe quantos civis foram mortos.”

Os nigerinos também estão a sofrer, pois a economia do país sem litoral está em frangalhos.

Grande parte do financiamento internacional do Níger foi suspenso após o golpe — apoio que representava 38% do orçamento anual do governo. As sanções impostas pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que foram levantadas em Fevereiro de 2024, também prejudicaram a economia.

Os preços de vários produtos alimentares aumentaram no primeiro mês após o golpe de Estado de 2023 e 70% da electricidade do Níger, que provém da Nigéria, foi cortada durante meses antes de ser restabelecida quando as sanções foram levantadas.

“[Há um] verdadeiro efeito depressivo na capacidade do governo para prestar serviços e na capacidade das empresas para prosperar,” Daniel Eizenga, investigador do Centro de Estudos Estratégicos de África, disse à The Associated Press.

Antes do golpe de Estado, o Níger tinha sido um parceiro militar fundamental para vários países com os quais conduzia operações antiterroristas. Entre eles contam-se a França, a Alemanha, a Itália e os Estados Unidos.

Todos já retiraram os seus efectivos, excepto a Itália, que reduziu os seus números para 250 em 2023.

O Níger tornou-se rapidamente um alvo apetecível para as organizações extremistas violentas que procuram expandir-se dentro e fora do Sahel, incluindo as filiais da al-Qaeda e do grupo do Estado Islâmico (EI).

Grupos terroristas, rebeldes e milícias mataram mais do dobro de nigerinos no ano que se seguiu ao golpe (1.599) em comparação com o ano anterior (770), de acordo com o Projecto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED), uma organização sem fins lucrativos independente que analisa dados de eventos violentos em todo o mundo.

Os extremistas realizaram quase cinco vezes mais ataques de grande escala (aqueles que resultaram em pelo menos 10 mortes) no Níger no ano seguinte ao golpe, segundo dados do ACLED.

“Os militantes da al-Qaeda e do EI levaram a cabo ataques mais mortíferos e consolidaram o controlo de mais território desde que a junta tomou o poder, tirando partido das limitações das forças de segurança para as quais contribuiu a retirada do apoio ocidental,” o analista Liam Carr escreveu num relatório de 23 de Julho para o projecto Critical Threats.

Carr escreveu também que a retirada de vários parceiros militares contribuiu para a incapacidade da junta para desmantelar e conter o terrorismo. Para além de treinarem soldados nigerinos, as tropas dos EUA conduziram operações de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR, na sigla inglesa) em apoio às tropas francesas e nigerinas.

“Estas perdas degradaram a capacidade geral e as capacidades de ISR das forças de contra-insurgência no Níger, o que quase de certeza deu aos militantes uma liberdade de movimentos muito maior e os ajudou directamente a organizar ataques maiores e mais mortíferos,” escreveu Carr.

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