RCA Acusa Empresa Mineira Chinesa de Conluio com Grupos Rebeldes

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EQUIPA DA ADF

Em Junho, as autoridades da República Centro-Africana revogaram a licença de uma empresa mineira chinesa na cidade de Mingala, no sul do país, por suspeitas de cooperação com milícias armadas.

O Ministério das Minas da RCA acusou a Daqing SARL, uma empresa chinesa de extracção de ouro e diamantes, de partilhar “informações com grupos armados, exploração ilegal, introdução ilegal de estrangeiros nas zonas mineiras, não pagamento de impostos e falta de relatórios de actividade,” de acordo com um decreto governamental.

Há muito que os grupos rebeldes da RCA lutam contra as empresas chinesas e outras empresas estrangeiras que procuram explorar os abundantes recursos de ouro e diamantes do país.

Os chineses também enfrentam ameaças do Africa Corps da Rússia, antigo Grupo Wagner, que também está interessado em explorar as riquezas naturais daquele país.

A região em torno de Mingala, perto da fronteira da RCA com a República Democrática do Congo, tem sido durante anos assolada por combates entre as forças armadas do país e a Coligação de Patriotas para a Mudança (CPC), um grupo armado antigovernamental. O CPC foi formado na sequência de um acordo de paz de 2019 entre vários grupos armados.

Ataques Recentes

Em meados de Maio, um grupo armado atacou uma mina chinesa na cidade de Gaga, no sudoeste do país, matando pelo menos quatro trabalhadores. Maxime Balalu, um porta-voz do governo local, disse à The Associated Press que o CPC era o responsável.

Pelo menos nove pessoas foram mortas durante um ataque a uma mina chinesa na cidade de Chimbolo, no sul do país, em meados de Março. Alinhado com a Rússia, o governo da RCA culpou os estrangeiros pelo ataque, como parte de uma conspiração complicada, enquanto alguns também culparam o CPC.

Mas testemunhas disseram que os atacantes eram combatentes brancos fortemente armados que usavam trajes militares habitualmente usados por mercenários russos.

“Os rebeldes normalmente não matam estrangeiros, mas raptam-nos e pedem um resgate pela sua libertação,” Ali, um pseudónimo usado por um antigo combatente do grupo rebelde União pela Paz e que trabalhou anteriormente para o Grupo Wagner na RCA, disse ao The Daily Beast. “Este é um ataque que só os russos podem levar a cabo.”

‘Rainha das Minas de Ouro’

As ameaças de violência podem persuadir as empresas mineiras, incluindo as dirigidas pela empresária chinesa Zhao Baomei, conhecida na RCA como “Rainha das Minas de Ouro,” a formar alianças com grupos rebeldes.

Baomei é proprietária da Industrie Minière Centrafricaine (IMC), que dispõe de um apoio logístico estratégico nos Camarões. Em Limbe, perto da costa do Golfo da Guiné, Baomei tem um depósito de onde são enviados combustível, máquinas de escavação e outros veículos para as minas da RCA.

Para obter protecção, Baomei aceitou acordos com grupos armados locais, incluindo Return, Reclamation, Rehabilitation, ou 3R, um grupo de milicianos de etnia Fulani; e Union for Peace in the Central African Republic,
ou UPC; de acordo com um relatório da Africa Intelligence.

Liderada pelo famoso senhor da guerra Ali Darass, a UPC tem sido responsável por assassinatos, torturas, violações e pela deslocação de milhares de pessoas na África Central desde 2014. Darass participou na rebelião Seleka que conduziu à tentativa de golpe de Estado de 2013 no Chade. Em 2021, participou numa ofensiva em Bangui, a capital da RCA, como membro da Coligação de Patriotas para a Mudança, ou CPC

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