Nigéria: Extremistas do Sahel Estabelecem Base e Semeiam Terror no Parque Nacional do Lago Kainji

EQUIPA DA ADF

Os terroristas abandonaram o norte do Benin e estabeleceram uma nova base no Parque Nacional do Lago Kainji, no norte da Nigéria, uma antiga atracção turística com 5.300 quilómetros quadrados.
O parque, que alberga uma das populações de leões em rápido declínio da África Ocidental, está actualmente encerrado e a situação de segurança está “a ficar fora de controlo,” Kars de Bruijne, investigador sénior do Instituto Clingendael, disse à The Associated Press.

É “uma situação muito mais explosiva do que tínhamos previsto,” acrescentou de Bruijne, que é co-autor de um novo relatório sobre a situação.

As organizações extremistas violentas operam no parque desde, pelo menos, 2021, mas no último ano registou-se um aumento dos ataques a aldeias e estradas vizinhas. Os insurgentes fazem reféns a troco de resgate e dedicam-se à caça furtiva, ao abate ilegal de árvores e à exploração mineira ilegal. Os incidentes ligados a extremistas no parque aumentaram acentuadamente desde o início de 2023, quando foram registados 29 incidentes, em comparação com cinco em 2022, de acordo com um relatório do Clingendael.

“Antes, era como um centro turístico (mas) agora, as pessoas têm dificuldade em passar por lá,” John Yerima, que vive na vizinha Nova Bussa, disse à The Associated Press. “Não se pode entrar nessa estrada (que leva ao parque) agora. É muito perigoso.”

A presença dos terroristas pode também ameaçar a segurança e a funcionalidade da barragem de Kainji, que desempenha um papel crucial nos sistemas de produção de energia hidroeléctrica e de irrigação da Nigéria.

A violência eclodiu em Abril de 2023, depois de um grupo armado baseado na base de uma montanha do parque ter raptado 12 residentes na cidade de Ibbi, no Estado do Níger, e ter exigido um resgate. Um grupo de vigilantes locais respondeu com um ataque que matou 50 membros do grupo terrorista. Em resposta, os terroristas mataram nove dos reféns — seis mulheres e três homens, incluindo o escrivão do tribunal da Sharia em Ibbi. Segundo o jornal nigeriano Leadership, dois vigilantes também foram mortos durante os quatro dias de batalha.

Há muito que os observadores afirmam que a região remota e rica em minerais pode oferecer oportunidades de expansão a grupos terroristas do Sahel e da Bacia do Lago Chade.

De acordo com o relatório do Clingendael, no parque, os extremistas incluem provavelmente o Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin e o Darul Salam, “um grupo ligado ao Boko Haram, se não totalmente afiliado — com uma atitude aberta em relação aos bandidos.”

A forma como o grupo do Benin irá interagir com os outros grupos armados da região não é clara, mas a sua transferência oferece-lhe a oportunidade de reivindicar sucessos no Benin e na Nigéria.

“Uma ligação entre o Lago Chade e o Sahel é uma grande oportunidade para a al-Qaeda e o Estado Islâmico se vangloriarem dos seus perfis como líderes da jihad global,” afirma o relatório do Clingendael.

Reagindo ao relatório, o Major-General Edward Buba, director de operações dos meios de comunicação da defesa da Nigéria, disse que as tropas da Operação Whirl Punch estão a conduzir operações em redutos terroristas no centro-norte da Nigéria, “o que inclui o Parque do Lago Kainji.”

“Além disso, as tropas da Operação Hadarin Daji estão igualmente a fazer o mesmo com os terroristas no Estado de Kebbi e no oeste do país,” Buba disse ao Politics Nigeria. “O objectivo das nossas operações é destruir estes terroristas e desmantelar as suas capacidades militares, para que os cidadãos estejam seguros e protegidos.”

Citando a ocupação do parque por terroristas, o governo da Nigéria anunciou, no final de Junho, planos para adquirir 50 novos aviões para reforçar os esforços de segurança na região, noticiou o jornal Punch da Nigéria. As aeronaves incluem 12 helicópteros de ataque AH-1, 24 aviões de ataque M-346, 12 helicópteros Augusta Westland 109 e dois aviões de transporte aéreo médio Casa 295, de acordo com o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea da Nigéria, Marechal Bala Abubakar.

Num editorial, o Punch apelou a uma “presença permanente de segurança,” incluindo apoio internacional, dentro e à volta do parque.

“A implementação de tecnologias avançadas de monitorização e vigilância, como drones e imagens de satélite, pode fornecer informações em tempo real sobre actividades e movimentos ilegais dentro do parque, permitindo respostas mais rápidas e eficazes,” afirma o editorial.

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