Somália Empenhada na Luta Contra o Extremismo Digital

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EQUIPA DA ADF

A Somália e o grupo terrorista al-Shabaab estão a travar uma guerra dentro de uma guerra — uma batalha constante para manter e desmantelar páginas de internet e contas das redes sociais que divulgam propaganda extremista e desinformação.

A Agência Nacional de Informações e Segurança da Somália intensificou os seus esforços, criando equipas que vasculham a Internet e alertam as empresas de tecnologia para removerem conteúdos extremistas.

“Foi uma tarefa difícil quando começámos; eram necessários conhecimentos, competências e muito trabalho,” o Vice-Ministro da Informação, Abdirahman Yusuf al-Adala, disse este ano à Voz da América. “Formámos pessoas com as competências necessárias; foram criados gabinetes especiais, foi disponibilizado equipamento e foi aprovada legislação pelo Parlamento. “Mais de um ano depois, estamos numa boa posição e acreditamos ter atingido muitos dos nossos objectivos.”

Al-Adala e o Ministro da Informação Daud Aweis anunciaram recentemente uma ofensiva contra a desinformação e o incitamento à violência.

“Juntos, podemos ultrapassar esta ameaça perigosa que ameaça separar-nos,” afirmou Aweis num discurso proferido no final de um fórum de dois dias, a 5 de Junho, em Mogadíscio. “Juntos, podemos construir uma sociedade baseada na confiança, no respeito e na compreensão. Mantenhamo-nos unidos contra as notícias falsas e a desinformação, a bem do nosso país e do bem-estar do nosso povo.”

Mohamed Gulaid, um investigador de confiança e segurança na Internet que trabalhou anteriormente com a empresa-mãe do Facebook, a Meta, disse que o al-Shabaab depende fortemente de plataformas como o Telegram e o WhatsApp, onde a moderação de conteúdos é mais difícil devido à encriptação.

“O al-Shabaab está constantemente envolvido em desinformação, muitas vezes, exagerando o seu impacto operacional e exagerando a sua influência ou controlo,” Gulaid disse à VOA. “Quando se trata de desinformação, o al-Shabaab manipula frequentemente temas mais vastos, como o nacionalismo e a falta de prestação de serviços por parte do governo somali, para promover a sua agenda. Apresentam-se como mais eficazes e como uma força nacionalista que salvaguarda a soberania da Somália.”

Adam Hadley, director-executivo da organização sem fins lucrativos Tech Against Terrorism, disse que o al-Shabaab está entre os agentes malignos mais sofisticados que a sua organização trabalha para desmantelar na internet.

“Muito deste conteúdo é bastante subtil e matizado, e é preciso muito tempo para estabelecer que este tipo de material é de facto desinformação ou notícias falsas,” disse à VOA. “Num caso específico, encontrámos um site de notícias com uma concentração suspeita de material que era a favor do al-Shabaab e da al-Qaeda. … Em nenhum momento encontrámos qualquer material gráfico ou violento evidente nessa página da internet. Era quase como se estivesse a fingir que prestava um serviço noticioso.”

O al-Shabaab gere vários canais de rádio e de Internet que visam o público somali e queniano. A Shahada News Agency é um mensageiro proeminente que pretende ser uma organização “interessada em notícias sobre a África Oriental e a Somália.” A mesma publica habitualmente no Chirpwire, uma plataforma sem políticas de moderação de conteúdos. Mas também utiliza contas das principais plataformas do Facebook e X para reproduzir e divulgar ainda mais os seus conteúdos.

Al-Kataib é um outro meio de comunicação social do al-Shabaab que opera sobretudo no Telegram, com vários canais em várias línguas. A Code for Africa, uma organização sem fins lucrativos com equipas e parceiros em 21 países do continente, estabeleceu uma ligação entre a Al-Kataib e a Shahada News Agency numa investigação de 2023.

“A intrincada interacção entre estes meios de comunicação social revela a profundidade do alcance digital do al-Shabaab e a sofisticação da sua máquina de propaganda,” afirma o relatório. “Descodificar as operações da Al-Kataib e da Shahada News Agency é fundamental para desmantelar a rede de influência extremista do al-Shabaab.”

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