Incursões do Grupo Wagner e do Mali na Mauritânia Geram Tensão

EQUIPA DA ADF

Diplomatas do Mali e da Mauritânia têm estado a trabalhar arduamente para evitar uma crise fronteiriça entre os países vizinhos da África Ocidental.

Em Abril, a Mauritânia acusou as Forças Armadas do Mali (FAMa) e os seus parceiros mercenários russos de perseguirem homens armados através da fronteira até às aldeias de Madallah e Fassala.

“Vários dos nossos compatriotas civis foram mortos pelo exército maliano e por combatentes do Grupo Wagner em campos mauritanos na fronteira. Enviámos provas para Bamako,” uma fonte de segurança mauritana na fronteira disse à Agence France-Presse.

As relações entre os dois países têm sido, na sua maioria, amistosas desde há décadas, mas subsistem desafios complexos em matéria de segurança ao longo da fronteira porosa de 2.237 quilómetros.

A Mauritânia acolhe o maior número de refugiados malianos na região do Sahel, incluindo mais de 91.263 malianos que vivem em campos na região fronteiriça de Hodh Chargui, no sudeste do país, de acordo com o Programa Mundial de Alimentação.

Não se prevêem repatriações em grande escala, uma vez que os malianos continuam a fugir da violência generalizada dos separatistas Tauregues, de várias organizações extremistas violentas e dos abusos cometidos pelos mercenários russos e pelas FAMa. Sabe-se que um grande grupo terrorista afiliado à al-Qaeda opera na zona fronteiriça.

O Comandante do Estado-Maior General das Forças Armadas da Mauritânia, Tenente-General Mokhtar Bellah Shaaban, à esquerda, encontra-se com o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas do Mali, Major-General Oumar Diarra, em Nouakchott, no dia 9 de Maio. FORÇAS ARMADAS DA MAURITÂNIA

No dia 19 de Abril, a Mauritânia convocou o embaixador do Mali em Nouakchott, Mohamed Dibassi, para “protestar contra os repetidos ataques contra civis inocentes e indefesos,” diz um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros mauritano, acrescentando que a “situação inaceitável persiste apesar dos avisos que o nosso país emitiu.”

No dia seguinte, o Ministro da Defesa da Mauritânia, Hanana Ould Sidi, visitou o líder da junta do Mali, Assimi Goita, em Bamako, numa tentativa de desanuviar a tensão.

Em resposta aos ataques transfronteiriços contra as suas aldeias do sudeste por mercenários russos do Grupo Wagner e das FAMa, a Mauritânia realizou exercícios militares perto da fronteira no dia 5 de Maio, com o Tenente-General Mokhtar Bellah Shaaban, comandante do Estado-Maior Geral das Forças Armadas, a apelar à “vigilância constante.”

“O objectivo da visita era determinar a prontidão das unidades de combate e o seu nível operacional, conhecer as suas necessidades logísticas e testar armas de infantaria, artilharia, armas antiaéreas, lançadores de mísseis e aviões de combate,” disseram as Forças Armadas da Mauritânia num comunicado.

“A aviação, a artilharia e as forças especiais participaram na destruição de um inimigo hipotético que tentou infiltrar-se no território nacional com o objectivo de levar a cabo um acto agressivo.”

Entre 4 e 5 de Maio, Sidi e o Ministro do Interior da Mauritânia, Mohamed Ahmed Ould Mohamed Lemine, encontraram-se com cidadãos em várias aldeias ao longo da fronteira com o Mali. Sidi comprometeu-se a reforçar a presença militar na zona e disse que as autoridades malianas lhe garantiram que tinham adoptado planos para evitar novas intrusões no território mauritano.

“Gostaríamos de expressar o nosso pesar, a nossa dor e a nossa condenação dos acontecimentos que afectaram os nossos concidadãos, tanto nas aldeias fronteiriças como neste país irmão do Mali,” disse Lemine, segundo o jornal mauritano L’authentique.

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