Analista: Dinâmica do ISWAP Pouco Provável de ser Travada pela Recente Perda de Membros

EQUIPA DA ADF

Cerca de 50 pessoas ligadas ao grupo terrorista Estado Islâmico na África Ocidental renderam-se ao exército nigeriano no dia 15 de Maio, o que evidencia uma vaga recente de deserções e rendições do ISWAP.

Três membros do grupo entregaram-se às autoridades da Nigéria e dos Camarões durante 10 dias em Abril. Mais seis membros do ISWAP renderam-se à Força-Tarefa Conjunta Multinacional (MNJTF) na Bacia do Lago Chade, por volta da mesma altura.

Alguns analistas consideram que o aumento do número de deserções e rendições do ISWAP é um sinal da diminuição da coesão e da eficácia operacional do grupo.

No entanto, é pouco provável que as deserções em massa afectem o ISWAP de forma tão grave como acções semelhantes afectaram o Jama’atu Ahlis-Sunna Lidda’Awati Wal-Jihad (JAS), segundo Malik Samuel, investigador do Gabinete Regional do Instituto de Estudos de Segurança (ISS) para a África Ocidental, o Sahel e a Bacia do Lago Chade. Tanto o ISWAP como o JAS são facções do Boko Haram.

Como Samuel observou num relatório recente, o líder do JAS, Abubakar Shekau, morreu em 2021 durante um ataque do ISWAP à sua fortaleza na floresta de Sambisa, no Estado de Borno, após o qual milhares de combatentes do JAS se renderam às autoridades em vez de se juntarem ao ISWAP. O ISWAP apoderou-se então dos territórios do JAS, recrutou alguns dos seus combatentes, alargou as suas próprias áreas de actuação e aumentou a geração de receitas.

As autoridades estão a trabalhar para persuadir mais pessoas a abandonar o grupo. As autoridades do Estado de Borno, por exemplo, encorajaram as deserções através de um modelo que assenta fortemente em técnicas de reabilitação, reconciliação e reintegração.

A Nigéria também lidera a Operação Corredor Seguro, que proporciona uma passagem segura a combatentes de baixo nível e baixo risco que queiram abandonar os grupos terroristas. A pressão militar, a desilusão e a fractura do grupo também conduzem a deserções.

Mas o ISWAP tem-se mostrado resistente e está a trabalhar arduamente para evitar deserções. Apesar da perda de membros, as mortes por ataques do ISWAP aumentaram 27% em 2023 em comparação com 2022, de acordo com o ISS. O grupo também começou a reivindicar ataques em novas áreas nos Estados de Edo, Jigawa, Kano, Kogi, Nasarawa, Níger, Ondo e Taraba.

O maior ataque do ISWAP fora do Nordeste foi a fuga da prisão de Kuje, em 2022, durante a qual escaparam mais de 800 reclusos. O ataque nocturno, nos arredores de Abuja, foi marcado por fortes explosões e tiros.

“Ouvimos tiros na minha rua,” um residente local disse à Agence France-Presse. “Pensámos que eram assaltantes armados. A primeira explosão ocorreu após o tiroteio. Depois soou um segundo e depois um terceiro.”

De acordo com a Fundação Jamestown, as operações recentes do ISWAP incluíram dispositivos explosivos improvisados transportados por veículos suicidas (SVBIED) durante uma série de ataques às forças nigerianas e à MNJTF em Fevereiro e Março.

Os ataques com SVBIED do ISWAP em 2020 ajudaram o grupo a dominar os postos avançados do Exército nigeriano no Estado de Borno, forçando as forças governamentais a abandonar os postos avançados rurais e a consolidarem-se em “supercampos” muito fortificados em torno dos grandes centros urbanos.

Para derrotar o ISWAP, disse Samuel, as autoridades devem reavaliar as suas estratégias, uma vez que os factores que levaram à saída em massa do JAS podem não se aplicar ao ISWAP.

“As abordagens governamentais devem continuar a encorajar a deserção,” escreveu Samuel. “Mas também devem ir além da dependência de comandantes e combatentes descontentes. São necessárias estratégias que combatam o grupo em várias frentes, incluindo a interrupção do seu financiamento, o bloqueio das vias utilizadas para o recrutamento e a circulação e um plano claro e prático que possa ser apoiado por aqueles que desertam do ISWAP.”

Estão a ser desenvolvidos esforços militares para conter o ISWAP.
No dia 14 de Maio, o exército nigeriano matou Mallam Muhammadu, o comandante do ISWAP responsável pela produção de DEI. Muhammadu foi morto durante uma rusga a esconderijos do ISWAP nas zonas de Ukuba e Njimia, no Estado de Borno.

Muhammadu foi também considerado responsável pelo doutrinamento e recrutamento de crianças para atentados suicidas, incluindo três dos seus próprios filhos, informou o jornal online nigeriano Naija News.

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