Risco Crescente de Ataques de Piratas Somalis Alimenta Insegurança Marítima ao Largo da África Oriental
EQUIPA DA ADF
Os crescentes ataques dos piratas somalis estão a agravar o transporte marítimo mundial e a alimentar a insegurança marítima na África Oriental.
Depois de uma pausa de seis anos nos grandes ataques de piratas, houve mais de 20 tentativas de sequestro desde Novembro, segundo a Reuters. Os ataques estão a aumentar os riscos e os custos dos seguros para as companhias de navegação que também se debatem com os repetidos ataques da milícia Houthi do Iémen no Mar Vermelho e noutras águas regionais.
Dois membros de gangues somalis disseram à Reuters que estavam a aproveitar a distracção dos Houthi para voltar à pirataria.
“Eles aproveitaram esta oportunidade porque as forças navais internacionais que operam ao largo da costa da Somália reduziram as suas operações,” um financiador de piratas, conhecido pelo pseudónimo Ismail Isse, disse à Reuters.
Em Março, a Marinha Indiana resgatou o navio Ruen, de bandeira maltesa, e 17 reféns, tendo capturado 35 piratas armados durante uma operação de quase 40 horas ao largo da costa da Somália. Os piratas foram levados para a Índia para serem julgados.
O sequestro do Ruen foi o primeiro ataque bem-sucedido a um navio de carga por piratas somalis desde 2017. O Ruen pode também ter sido utilizado como base para a tomada de um navio de carga com a bandeira do Bangladesh ao largo da costa da Somália, em meados de Março, disse a força naval da União Europeia.
As vias navegáveis ao largo da Somália são algumas das mais movimentadas do mundo. Todos os anos, cerca de 20.000 embarcações passam pelo Golfo de Áden a caminho do Mar Vermelho e do Canal do Suez — a rota marítima mais curta entre a Europa e a Ásia.
Os ataques, que muitas vezes incluem pedidos de resgate, fizeram com que os preços dos guardas de segurança armados e da cobertura de seguro aumentassem, cinco representantes da indústria naval disseram à Reuters.
Os sequestros alargaram a área em que as seguradoras impõem prémios adicionais de risco de guerra aos navios. Estes prémios constituem um custo adicional que as companhias de seguros cobram para cobrir os riscos potenciais associados à guerra, ao terrorismo e à agitação política em zonas de conflito.
Os prémios de risco de guerra estão a ficar mais caros para as viagens através do Golfo de Áden e do Mar Vermelho, acrescentando centenas de milhares de dólares ao custo de uma viagem típica de sete dias, funcionários da indústria de seguros disseram à Reuters. O custo de contratar uma equipa de guardas armados privados a bordo dos navios durante três dias também aumentou em Fevereiro para entre 4.000 e 15.000 dólares mensais, um aumento de cerca de 50%.
Embora não tenha sido comunicado qualquer pagamento de resgate, Isse e uma outra fonte disseram à Reuters que estavam a ser negociados pagamentos na ordem dos milhões para libertar o Ruen.
A pirataria atingiu o seu auge na Somália em 2011, quando os piratas somalis lançaram 212 ataques. Nesse ano, o grupo de monitorização Oceans Beyond Piracy calculou que a pirataria custou à economia mundial cerca de 7 bilhões de dólares.
As autoridades registaram apenas cinco ataques entre 2017 e 2020. O abrandamento foi atribuído a operações navais coordenadas de combate à pirataria, a medidas de segurança, tais como guardas armados nos navios e ao aumento da perseguição e detenção de piratas.
“Se não o pararmos enquanto ainda está a dar os primeiros passos, pode tornar-se no mesmo que era,” o Presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, disse à Reuters.
Os ataques continuaram.
Em finais de Março, um navio de pesca iraniano navegava a sudoeste da ilha iemenita de Socotra quando foi capturado por nove piratas somalis armados.
Dois navios da Marinha Indiana interceptaram o navio, o que levou a mais de “12 horas de intensas medidas tácticas coercivas” antes de os piratas se renderem, de acordo com a Marinha Indiana. As autoridades levaram os piratas do Mar Arábico para a Índia para serem julgados, enquanto os 23 membros da tripulação paquistanesa do navio receberam autorização médica para continuar a pescar.
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