Presidente da Somália, Mohamud, Pretende Erradicar Al-Shabaab no Prazo de um Ano

EQUIPA DA ADF
 

A Somália tem um ano para erradicar o al-Shabaab do país e pôr fim a 17 anos de guerra, anunciou o Presidente Hassan Sheikh Mohamud, no final de Novembro.

O grupo terrorista ligado à al-Qaeda tem vindo a lançar ataques na Somália desde 2006, durante os quais causou a morte de milhares de pessoas e deslocou milhões.

Falando perante uma multidão no Royal United Services Institute de Londres, Mohamud afirmou que as forças da Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS) estão a trabalhar para eliminar os restantes combatentes do al-Shabaab no país, mas os seus esforços são dificultados pelas recentes cheias.

A ATMIS, que inclui tropas do Burundi, Djibouti, Etiópia, Quénia e Uganda, deveria iniciar uma segunda fase de retiradas do país em Setembro, com uma redução de 3.000 soldados. No entanto, o Conselho de Segurança da ONU adiou a segunda fase de retiradas por três meses, no início de Novembro.

“Coincidiu com uma altura em que tivemos alguns contratempos e temos estado a lutar para nos reorganizarmos,” disse Mohamud sobre o adiamento. “Mas agora estamos prontos.”

O Brigadeiro-General Peter Gaetano Omola, comandante do contingente ugandês sob o comando da ATMIS, aplaudiu a decisão do Conselho de Segurança.

“Definitivamente, a segurança deste país deveria um dia estar nas mãos dos somalis, mas não se deve apressar as coisas, porque podem deteriorar-se num piscar de olhos,” Omola disse ao jornal ugandês, Daily Monitor.

Mohamud insistiu em Londres que o seu governo não irá pedir mais adiamentos ao plano de retirada das tropas.

“Em 2024, à medida que a retirada gradual for acontecendo, também estaremos a gerar forças e a construir mais,” disse Mohamud. “Estamos muito satisfeitos por podermos assumir a responsabilidade pela segurança do nosso país.”

A recente ofensiva da Somália contra o al-Shabaab começou em Agosto de 2022, com os militares a apoiarem as milícias baseadas nos clãs na região central do país. Esta colaboração permitiu obter os ganhos territoriais mais significativos contra o al-Shabaab desde meados da década de 2010.

No entanto, os ataques do al-Shabaab aumentaram durante a primeira fase da redução das tropas, que terminou com a partida de 2.000 soldados no final de Junho.

Entre 27 de Maio e 23 de Junho, o Projecto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos registou mais de 200 ataques ou incidentes violentos ligados ao grupo terrorista na Somália. Mais de 700 pessoas morreram nos ataques. A maior parte da violência registou-se na região de Lower Shabelle, que rodeia Mogadíscio, onde o al-Shabaab lançou dezenas de ataques contra as tropas da ATMIS.

Enquanto as forças governamentais se reagrupam, o al-Shabaab está a aumentar a utilização de foguetes de 107 milímetros em Mogadíscio, em ataques que visam políticos e civis, segundo Catriona Laing, representante especial do Secretário-Geral e chefe da Missão de Assistência das Nações Unidas na Somália. Os conflitos já mataram cerca de 1.300 civis este ano.

Mohamud disse que a próxima fase das operações contra o al-Shabaab será no sudoeste do país e no Estado de Jubaland, um reduto histórico do al-Shabaab.

“A situação da luta contra o al-Shabaab é encorajadora,” afirmou em Londres. “Acredito que vamos derrotar o al-Shabaab… em breve.”

Não há indicações de que o al-Shabaab esteja disposto a dialogar com o governo da Somália, mas Mohamud disse que essa é a sua opção preferida.

“No final, pode acabar por haver diálogo, em vez de mortes, mutilações e perseguições,” disse.

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