EQUIPA DA ADF
A Força Aérea Nigeriana (NAF) intensificou a sua campanha de ataques aéreos contra grupos militantes extremistas no nordeste do país. Em ataques de vingança, os insurgentes em fuga começaram a atacar agricultores que falsamente acusam de terem permitido os ataques aéreos.
“Sempre que matam agricultores, pescadores ou catadores, rotulam-nos sempre de espiões,” o analista de segurança local Zagazola Makama disse à ADF.
Makama, um perito em contra-insurgência baseado no Estado de Borno, documentou vários ataques aéreos da NAF no início de Novembro que visaram o Boko Haram e a Província da África Ocidental do Estado Islâmico (ISWAP).
“Estes ataques aéreos militares e ofensivas terrestres forçaram a ISWAP e o Boko Haram a adoptar novas tácticas de ataque a pé, a deixar de usar camionetas Hilux e a distribuir os seus homens em unidades muito pequenas e em locais espaciais para evitar baixas pesadas quando atingidos por ataques aéreos e bombardeamentos de artilharia,” escreveu no seu site, zagazola.org.
“Os grupos terroristas também concentraram mais os seus ataques em comunidades vulneráveis de agricultores locais que não tinham uma forte presença de segurança.”
Os produtores de arroz estavam a fazer as suas colheitas na noite de 5 de Novembro quando os combatentes do Boko Haram, em motorizadas, invadiram as aldeias de Bulabulin, Karkut e Koshebe, na área do governo local de Mafa, a cerca de 15 quilómetros da capital de Borno, Maiduguri.
Mataram pelo menos 15 produtores de arroz. Alguns conseguiram fugir, enquanto outros terão sido raptados.
“Não usaram armas para os matar,” Mohammed Haruna, secretário da Associação de Produtores de Arroz de Zabarmari, disse à Reuters. “Em vez disso, usaram espadas e facas para os apunhalar até à morte, enquanto outros foram decapitados.”
Um dia depois, a NAF atacou posições da ISWAP na área governamental local de Mobbar, no Estado de Borno, no âmbito da operação Hadin Kai. Makama afirmou que este foi o quarto ataque aéreo bem-sucedido contra militantes no nordeste do país em sete dias, matando “um grande número de terroristas da ISWAP.”
A NAF voltou a atacar nos dias 8 e 11 de Novembro, com o objectivo de eliminar “os terroristas restantes.”
“Os terroristas, que tinham escondido quatro camiões de armas debaixo de arbustos espessos, tinham anteriormente aperfeiçoado os planos para atacar as tropas amigas nas imediações de Damboa e Wajiroko,” a NAF escreveu num comunicado de 12 de Novembro.
Makama informou que um outro ataque aéreo da NAF matou “dezenas de terroristas da ISWAP em canoas” na aldeia de Baranga, nas margens do Lago Chade, no dia 18 de Novembro.
O Boko Haram tem travado uma guerra contra a Nigéria desde 2009, dando origem a outros grupos, incluindo a ISWAP. De acordo com as Nações Unidas, os militantes mataram 40.000 pessoas e obrigaram cerca de 2 milhões de pessoas a fugir das suas residências no nordeste do país.
Makama disse que o ataque aos produtores de arroz em Zabarmari mostrou a forma como os agricultores são maltratados pelos militantes, que, muitas vezes, os obrigam a pagar impostos e a fornecer alimentos e outros bens.
“Havia uma relação entre os insurgentes e os agricultores de Zabarmari,” disse à ADF. “Os agricultores que foram mortos pagavam normalmente impostos e forneciam-lhes alimentos. Mas, depois de se recusarem a pagar, os agricultores foram acusados de informar e levar as tropas nigerianas a atacar os insurgentes, o que motivou o acto de assassinato em massa.”