Relatório da ONU: EI no Sudão Financiado por Empresas na Turquia

EQUIPA DA ADF

Abu Bakr al-Iraqi, o líder do grupo do Estado Islâmico (EI) no Sudão, financia secretamente as suas operações, através de empresas na Turquia, segundo um relatório recente das Nações Unidas.

Os investigadores informaram o Conselho de Segurança da ONU que al-Iraqi tem várias actividades comerciais na Turquia e no Sudão, incluindo casas de câmbios e uma agência de turismo que abriu sob identidades falsas.

O EI tem uma base de apoio no Sudão desde 2019. As operações de al-Iraqi no Sudão incluem 100 a 200 combatentes do EI que, segundo o relatório da ONU, são “operadores experientes, mas actuam como facilitadores de movimentos e transacções logísticas.” Al-Iraqi também possui investimentos significativos no Sudão.

Os operativos sudaneses utilizam os recursos de al-Iraqi para ajudar outros extremistas do EI a deslocarem-se para o sul da Líbia, o Mali e a África Ocidental, escreveram os investigadores no seu relatório. A guerra civil do Sudão pode atrair combatentes de outros países.

“Anteriormente um exportador de combatentes e mercenários estrangeiros, o Sudão corre agora o risco de ter o fluxo direccional oposto: combatentes do estrangeiro que viajam para o país para se envolverem em combate num dos lados beligerantes,” escreveu recentemente o Soufan Center.

O actual conflito no Sudão cria um ambiente em que as operações do EI de al-Irai podem prosperar e até crescer, segundo os especialistas. O EI e a sua rival al-Qaeda aproveitam os conflitos internos dos países para ganhar mais força noutras partes de África.

De acordo com o Soufan Center, há sempre a preocupação de que os extremistas tirem partido da má governação e dos vazios de poder no continente africano.

“As redes da al-Qaeda e do Estado Islâmico em África vão provavelmente tentar usar o conflito no Sudão para melhorar a sua posição no continente,” escreveram os investigadores do Instituto para o Estudo da Guerra, no início deste ano.

O antigo ditador do Sudão, Omar al-Bashir, permitiu que o EI operasse no país. Após o golpe que depôs al-Bashir, as forças de segurança do Conselho de Soberania de Transição perseguiram os terroristas do EI em locais a sul de Cartum.

Em 2021, as forças de segurança sudanesas detiveram 11 combatentes estrangeiros durante rusgas em três esconderijos. Cinco membros das forças de segurança morreram nos ataques.

Os numerosos reclusos que fugiram da prisão de Cartum a partir de 22 de Abril –– pouco depois do início do confronto entre os generais em guerra no Sudão –– podem ter contribuído para o crescimento do EI no Sudão, escreveram os investigadores.

As ligações de al-Iraqi à Turquia estão em consonância com outros interesses financeiros do EI no país.

“Há cada vez mais provas que confirmam a utilização da Turquia pelo EI como centro de financiamento das suas operações a nível mundial,” o analista Abdullah Bozkurt escreveu recentemente para a Nordic Research and Monitoring Network.

Utilizando outro acrónimo para o EI, Bozkurt escreveu: “As actividades financeiras de al-Iraqi, através da Turquia, enquadram-se nesta tendência mais ampla, ilustrando a forma como o EI considerou conveniente explorar o sistema financeiro turco para a transferência de fundos.”

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