EQUIPA DA ADF
Enquanto trabalha para proteger o Golfo da Guiné de múltiplas ameaças, a Marinha do Gana recebeu 6,4 milhões de dólares em apoio do governo dos EUA. O financiamento faz parte de um pacote de 48 milhões de dólares para as Forças Armadas do Gana.
Os fundos são suficientes para cobrir dois navios interceptores, um novo cais de pontão, no Comando de Treino Naval do Gana (NAVTRAC), exercícios de treino conjuntos, um novo centro de treino móvel para o Esquadrão de Barco Especial do NAVTRAC e a construção de novas salas de aula na Escola Básica de Nutekpor, situada perto do NAVTRAC.
As Forças Navais dos EUA em África também ajudarão a concluir projectos de construção de infra-estruturas navais e a prestar apoio técnico à Marinha do Gana.
O Chefe do Estado-Maior da Defesa do Gana, o Contra-Almirante Seth Amoama, disse que apreciava a ajuda, que coincidiu com a inauguração de um campo móvel no NAVTRAC que foi doado pelo governo dinamarquês.
“Este acto de boa vontade e generosidade reflecte o seu profundo empenho em promover a paz e a segurança no nosso domínio marítimo e no Golfo da Guiné em geral,” afirmou Amoama numa reportagem do jornal ganês Daily Graphic.
As doações são oportunas. Após anos de declínio da pirataria no Golfo da Guiné, o Gabinete Marítimo Internacional (IMB) da Câmara de Comércio Internacional alertou recentemente para o aumento deste tipo de ataques na região.
O Golfo da Guiné registou cinco incidentes no primeiro trimestre do ano e nove no segundo trimestre. Segundo o gabinete, 12 foram classificados como assaltos à mão armada e dois como pirataria. A maioria dos ataques teve como alvo navios ancorados.
Um acto é designado por pirataria quando ocorre em águas internacionais ou fora da jurisdição de um país; é designado por “assalto à mão armada” quando ocorre em águas territoriais ou internas.
Os incidentes deste ano envolveram o rapto de 20 membros da tripulação, tendo os atacantes destruído também o equipamento de comunicação e de navegação e roubado a carga.
O número de incidentes de pirataria na região diminuiu de 81 em 2020 para 34 em 2021, altura em que o Golfo da Guiné também foi responsável por todos os raptos no mar a nível mundial. Em 2022, foram registados apenas três ataques no Golfo.
“O recrudescimento dos incidentes registados, incluindo situações de reféns e raptos de tripulantes nas águas do Golfo da Guiné, é preocupante,” afirmou o Director do IMB, Michael Howlett. “O IMB apela a uma presença naval regional e internacional contínua e robusta como forma de dissuasão para combater estes crimes.”
A África Ocidental é também o foco mundial da pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN), que custa à região cerca de 9,4 bilhões de dólares por ano. A China, que comanda a maior frota de pesca longínqua do mundo, é de longe o maior infractor da pesca ilegal na região e em todo o mundo.
Devido à pesca predatória e a outras práticas ilegais, as unidades populacionais de pequenos peixes pelágicos do Gana, como a sardinela, diminuíram em 80% nas últimas duas décadas, de acordo com a Fundação para a Justiça Ambiental. Uma das espécies, a sardinela aurita, encontra-se em colapso total, o que significa que as unidades populacionais de peixe estão em declínio acentuado.
Mais de 100.000 pescadores nativos e 11.000 canoas operam no país, mas o rendimento médio anual caiu cerca de 40% por canoa artesanal nos últimos 15 anos, segundo a fundação. As reservas de peixe dizimadas fazem disparar os preços e provocam insegurança alimentar.
Um pescador local, de nome Ofore Kae, lamentou a situação numa entrevista ao jornal britânico The Telegraph. Kae ajuda a reparar os barcos de outros pescadores para ajudar a substituir o rendimento perdido da pesca. Ele quer um dia ter o seu próprio barco, mas teme que em breve não haja mais peixe para apanhar.
“Preciso de ter a certeza de que os meus filhos podem ir à escola,” disse Kae. “Caso contrário, não poderão sustentar-me quando eu for velho. Não é fácil quando a pesca está a deteriorar-se. Mas Deus tem um plano para nós.”